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Opinião
31/12/2006 - 12h12
Miséria humana
Olavo de Carvalho - Parlata
 

No Observatório da Imprensa desta semana, um senhor Jorge M. L. Lima nega a existência do Foro de São Paulo, chamando-o de "entidade mítica". Publicada no momento em que o próprio site oficial do PT anuncia a 13ª assembléia geral do Foro e em que o presidente de San Salvador confirma pessoalmente a vinda de Raúl Castro para o encontro (veja em 13º Encontro do Foro de SP será em El Salvador entre 12 e 16 de janeiro e Presidente Saca resta importancia a Foro de Sao Pablo), a nota é um exemplo vivo do estelionato cultural que hoje em dia se pratica impunemente no Brasil com o rótulo de "jornalismo". Mais edificante ainda é que esse lixo seja publicado num site que se arroga as funções de fiscal da idoneidade jornalística alheia.

De passagem, o senhor Lima reclama contra a presença de um artigo meu na Playboy - sem nem de longe mencionar o assunto ali abordado - e, após assegurar que compra a revista por causa dos artigos e não das mulheres, resmunga que nenhuma destas jamais lhe deu nem dará. Tem certeza, senhor Lima? Nem em pensamento? Nem na solidão do banheiro onde o senhor deposita o melhor da sua produção intelectual?

Como todo bobão tem outro mais bobão que o admira, nos comentários a essa matéria fecal um cidadão de nome Geraldo Galvão Ferraz protesta, indignado, que a publicação daquele meu artigo vai contra a liberdade de expressão anteriormente cultivada pela revista. Já nem digo que isso é cinismo. Acredito na sinceridade do panaca, na sua candura tocante. Ele acha mesmo que a liberdade de expressão consiste em negar voz e voto aos discordantes. Eu seria o último a tentar fazê-lo compreender que há algo de errado nessa idéia. Minhas ambições pedagógicas não voam tão alto.

É digno de nota que, da grande mídia, meus detratores já desapareceram por completo. Os que ainda cochicham estão espalhados em sites da internet e sobretudo em listas de discussões, que só por alguma ocasional inconfidência chegam ao meu conhecimento. É todo um zunzum subterrâneo, quase inaudível, mas persistente e obstinado, todo ele composto de incongruências bárbaras, invencionices assombrosas, tolices grotescas ditas com infinita presunção e uma pose de dignidade verdadeiramente patética.

O que mais admiro nessas mensagens é, de fato, a pose. Seus autores sabem que não suportariam cinco minutos de discussão comigo sem ser reduzidos a um mutismo humilhante, exatamente como aconteceu com seus gurus e mentores, mil vezes mais inteligentes e preparados. Que é que fazem então? Escondem-se. Protegidos pela distância, empinam seus narizinhos e, ante alguma platéia adolescente que ignore tudo de mim e deles, falam da minha pessoa afetando desprezo olímpico, às vezes num tom de familiaridade insolente para dar a impressão de que são meus íntimos, e assim auferem os lucros fáceis de uma vitória simulada, isenta de riscos, com a vantagem extra de parasitar um pouco da minha reputação já que não podem destruí-la de todo.

O fato de que tantos sujeitos biologicamente adultos busquem reconforto psicológico nesse tipo de fingimento pueril dá uma medida do abismo de miséria humana em que o país mergulhou.


Nota do Editor: Olavo de Carvalho é jornalista e filósofo nascido em Campinas, Estado de São Paulo, em 29 de abril de 1947. Tem sido saudado pela crítica como um dos mais originais e audaciosos pensadores brasileiros. Professor de filosofia e diretor do Seminário de Filosofia do Centro Universitário da Cidade (RJ). Autor das obras "O Jardim das Aflições" e "O Imbecil Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras". Editor do site Mídia Sem Máscara.

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