Quando da crise do PCC, em maio último, escrevi um artigo criticando Cláudio Lembo, intitulado Um Idiota Governando, pois ele havia dado declarações atribuindo à nossa suposta “elite branca” responsabilidade pelo caos na segurança pública. Depois pensei com meus botões que eu talvez pudesse ter exagerado, não na análise, mas na linguagem. Afinal, o homem era então o governador do Estado e enfrentava um momento difícil. Na entrevista publicada na edição de hoje da Folha de São Paulo vi que eu estava certo. Meus adjetivos não foram capazes de retratar o cérebro lembista. O homem é um arrematado idiota, uma espécie de Forrest Gump paulistano. Sinopse do filme famoso de Tom Hanks: “Quarenta anos da história dos Estados Unidos, vistos pelos olhos de rapaz com QI abaixo da média que, por obra do acaso, consegue participar de momentos cruciais, como a Guerra do Vietnã e Watergate”. Mutatis mutandi, o governador de QI baixo por acaso chegou ao centro de poder e não tem a menor idéia do que se passou sob seus olhos. Vejamos a seguinte declaração: “Aqui é muito pior que o Nordeste. No Nordeste, a pessoa tem o sitiozinho dela. Aqui, nas áreas de maior miserabilidade, as pessoas não têm nada. Eu acho que SP tem que ser objeto de análise muito cuidadosa do governante futuro e dos paulistas. O Estado representa 45% da economia brasileira. Porém no ventre de SP existe muita desigualdade e miserabilidade. Locais como Alphaville têm renda per capita de 15 mil dólares/ano; municípios como Ferraz de Vasconcelos, 300 dólares/ano. São 1.600.000 em favelas, sem teto, sem nada”. Um homem que foi reitor de uma universidade, político por décadas e governador do Estado não tem direito de falar uma asneira desta. E primeiro lugar, o Nordeste de hoje está extremamente urbanizado e essa história de “sitiozinho” é coisa idílica que não existe mais. Em segundo lugar, desigualdade de renda não é explicação para nada, muito menos para violência. Na idílica terra do “sitiozinho” o pau come tanto ou mais do que em São Paulo. Isso é conversa de comunista de botequim. Será que ele tem noção da quantidade de empregos que uma Alphaville gera? Bem remunerados? Nosso Forrest Gump vê a existência pelas lentes malditas dos revolucionários gramscianos e enxerga o mal onde há um grande bem. São as Alphavilles que fazem de São Paulo a potência que é. São fonte do maior bem, essas ilhas de prosperidade, não de mal algum. Isso é coisa de invejoso. Perguntado sobre o PCC não soube responder. Saiu pela tangente, culpando o excesso de população encarcerada e o Judiciário por mandar prendê-la. Não consegue fazer a conexão entre PCC e PT e a revolução esquerdista em marcha no Continente. Não consegue compreende que o cipoal de leis contraditórias, que obriga a prender tanta gente, tem origem maquinada para instalar o caos. Não consegue entender que a justificação do malfeito criminal pela suposta concentração de renda pregada pela esquerda está na raiz da quebra da moralidade das pessoas. É um completo idiota, nosso ex-governador, que não sabe nada sobre o solo em que pisa. E declara com a convicção dos tolos: “Estou convicto hoje de que sem o Lula nós teríamos conflitos sociais muito violentos no Brasil. Ele nasceu na sociedade mais pobre, tem empatia e raiz social profunda. Está procurando afastar as grandes diferenças sociais e, assim, consolidando a democracia”. Meu Deus, Lula é precisamente a expressão política de nossa tragédia coletiva, de nosso descenso moral. É a personificação da responsabilidade pela explosão de violência. É o ícone da destruição de tudo que é mais sagrado para aqueles que o governador idiota chama de “conservadores”. Sem Lula certamente o País estaria mais pacífico e ordeiro. E mais próspero. Na mente torta de nosso Forrest, todavia, tudo tem sinal trocado e parece o seu oposto. É por isso que a esquerda dominou tudo, pois nossos supostos conservadores não passam de uns idiotas. Estão sendo corridos do poder, estão perdendo as suas riquezas para a sanha tributarista do Estado e para os criminosos que lhes matam e seqüestram impiedosamente, perderam o ambiente de paz que tínhamos quando prevaleciam os valores tradicionais. Perderam tudo. E não sabem nem de onde parte a ordem para lhes tirar os bens e a vida. O drama da vida de nosso Forrest Gump é o drama da vida de toda a nossa elite econômica e política. Estão sendo destruídos pela própria estupidez, pela incapacidade de fazer uma correta análise dos acontecimentos, pela impossibilidade de se tornar agente de sua própria história. PS. O colar de corda que puseram em Saddam Hussein cai-lhe bem. Como no velho Oeste, o castigo para os ladrões de cavalos. Fez-se Justiça.
Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro é economista e mestre em Administração de Empresas na FGV-SP.
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