Quando aquele imbecil no trânsito se dirige a uma mulher dessa maneira não sabe, mas está elogiando. Lavar roupa faz parte do cotidiano das mulheres. As primeiras mulheres da minha família lavavam roupa na cachoeira. Era o momento do encontro entre elas, lavavam as roupas, colocavam a conversa em dia, por fim tomavam banho, lavavam seus cabelos e cuidavam da própria beleza. As cachoeiras, em várias cidades, são chamadas de poço das moças, canto das moças e outros adjetivos femininos, pois eram na verdade o salão de beleza. Vejo com alegria que já estão gravando CDs com as lavadeiras de algumas cidades que cantam alegremente, mostrando o prazer dessa tarefa, que hoje em dia dividimos com a máquina de lavar. Na minha infância o tanque era um divisor de águas, lá nós tomávamos banho quando voltávamos da praia cheios de areia de pescar mariscos. Quando fiquei mocinha minha mãe foi logo avisando: - Maria agora você só pode tomar banho no banheiro. E eu chorava, queria tomar banho no tanque junto com as outras crianças. Naquele tempo a Xuxa não tinha nascido e até 12 anos éramos só crianças. Por isso se alguém insinuar que você deve procurar "um tanque de roupa" releve é mero desconforto pela competência feminina.
Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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