A praga do populismo parece que veio para ficar. Quanto mais o povo é humilhado e se humilha por conta própria, mais sua imagem fictícia, minuciosamente construída, é utilizada nos meios de comunicação governamentais. É um tal de mostrar uma cara nordestinizada do povo brasileiro em plataformas de petróleo limpinhas, em filmes muito bem financiados pelo povão sobre um tal "Brasil profundo"... Os intelectuais gostam de dizer que antes do advento da Era Lula (ou AL, antes de Lula) o povão não suportava enxergar-se em posições importantes na sociedade brasileira, ou ter papéis bons no cinema, como se sentisse que não merecia aquilo. Com o ano zero, a imagem do Brasil começou a ser reinventada. Com o inestimável apoio socialmente responsável, sustentável e brasileiríssimo da Petrobras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal,...

A última maravilha do marketing petista foi a campanha do Banco do Brasil, trocando sua logomarca oficial no website www.bb.com.br pela inscrição "Banco do Bruno". O Bruno Maranhão deve ter a-do-ra-do. De dez pessoas a quem consultei que acessaram o homebanking para efetuar transações, dez desistiram assustadas com medo de um ataque de hacking. Calma, correntista! foi apenas uma pegadinha do BB. Embora tenham supostamente afirmado que isso fazia parte de sua campanha de marketing, ao final do dia 2 de janeiro de 2007 a pegadinha tinha saído do ar. Ora, todo publicitário que se digne da profissão jamais iria brincar com uma marca, ainda mais de banco. Ainda mais na Internet.

Imaginem o Banco Itaú trocando sua marca, de brincadeirinha, para Banco da Milu, em uma homenagem à sua maior acionista individual, Milú Vilella. O Itaú teria prejuízos. Esse é o ponto.

Um dos ataques clássicos aplicados na web consiste em adulterar uma marca consagrada. O BB não precisou ser atacado para se prejudicar. É realmente um prodígio de gestão de riscos. Mera coincidência, o petista e diretor afastado de Gestão de Riscos, Expedito Veloso, ligado ao caso da compra de dossiê contra tucanos também era do BB.

Já à noite, o erro foi corrigido e a explicação estava lá:

"No primeiro dia útil de 2007, elas [300 agências] foram rebatizadas de Banco do João, Banco da Maria, Banco do Antônio e outros nomes tipicamente brasileiros. A ousadia é parte da nova campanha publicitária, que substituirá por 30 dias as placas fixadas nas entradas das agências."

Como um partido tipicamente brasileiro, preconceito seria se não houvesse uma agência de nome "Banco do PT".

Mas, de qualquer forma, não há problema. Você, que é obrigado a ter uma conta no BB, pagará por isso. O contribuinte que não tem conta também. Risco é risco.