12/09/2025  00h42
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Medicina e Saúde
13/01/2007 - 11h51
O que é ser normal?
Walker R da Cunha
 
O que é normal? O que não é normal?

Estas perguntas são bastante recorrentes no meu consultório. O paciente que chega ao consultório de um psiquiatra, já chega muitas vezes preocupado pensando: "Será que ele vai achar que eu não sou normal?".

Nos primeiros minutos de consulta é comum observarmos esse paciente tentando fingir ser o que não é. Camufla opiniões, suaviza, evita se expor demais antes de ter certeza de estar pisando em terra firme.

O conceito do que é ou não normal é mais filosófico que médico. Estou certo disso. Entro nesse campo quando questiono: é normal se acostumar com a violência dos grandes centros, sem se sentir em todo o tempo nervoso e apreensivo? É normal não sentir-se mal ao passar pelas ruas e ver tantos mendigos, indigentes, "crianças malabaristas" a cada sinal, sem se sentir-se realmente incomodado?

Existem vários transtornos de comportamento que estão em evidência na mídia, os quais alguns chegam a dizer que estão "virando moda". Curiosamente, estes transtornos só têm crescido nas estatísticas porque muitas pessoas são "normais demais" e não suportam viver numa sociedade desigual, injusta, instável. Refiro-me ao Transtorno de Stress Pós-Traumático, à Síndrome do Pânico, às fobias, e a tantas outras formas de manifestar algum distúrbio de ansiedade.

Dessa forma, o normal pode virar patológico e o patológico virar normal. Parece que ser insensível é a melhor forma de mostrar-se seguro, equilibrado... Cabe uma reflexão mais profunda a respeito do que realmente é doença e o que é apenas transtorno.

Voltando à indagação filosófica do que é ou não normal, poderíamos simplificar a resposta de diversas maneiras. Uma que me agrada muito é dizer que tudo o que não causa prejuízo a si próprio e nem a outros pode ser normal. Daí, fica fácil entender o que deve e precisa ser tratado e o que não.

Existem pessoas ansiosas extremamente produtivas e que negam ter prejuízo com sua ansiedade. Outros, têm prejuízo e por isso devem ser tratados.

Crianças hiperativas que não tenham prejuízo escolar e que se adequem bem a algum modelo pedagógico, psicoterapêutico, multidisciplinar, nem sempre necessitarão de remédios.

Porque continuar a julgar anormal a homossexualidade, se estes não causam nenhum prejuízo nem a si mesmos nem a ninguém?

O sociopata se sente muito bem dentro do seu egoísmo, mas causa sérios prejuízos aos que o cercam. Deve ser tratado.

O anoréxico, não faz mal a ninguém, mas se destrói pela distorção que faz da sua própria auto-imagem. Deve ser tratado.

É normal ser imperfeito. Basta olharmos a nossa volta. E não há mal nenhum em se procurar ajuda profissional quando lidar com essa imperfeição se mostra difícil. É normal.


Nota do Editor: Walker R da Cunha é médico psiquiatra, psicoterapeuta, conferencista e autor de diversos artigos na área de comportamento e saúde de grande repercussão.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "MEDICINA E SAÚDE"Índice das publicações sobre "MEDICINA E SAÚDE"
26/12/2022 - 07h45 Excesso de tecnologia pode afetar a saúde mental
24/12/2022 - 06h33 Depressão é um perigo silencioso
23/12/2022 - 05h58 Febre alta e dor no corpo?
21/12/2022 - 06h08 8 passos de primeiros socorros do infarto
10/12/2022 - 05h22 Casos de dengue aumentam 180,5% em um ano
03/12/2022 - 05h39 6 mitos sobre a saúde ocular infantil
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.