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Opinião
20/01/2007 - 11h20
Estou viciado em NatGeo
José Paulo Lanyi
 

O National Geographic Channel, canal exibido pela Net em São Paulo, é uma espécie de edição eletrônica de "A vida como ela é". Não dá para ficar indiferente. No início, pensei que se tratava de uma programação contínua de sadomasoquismo. Sadismo da parte deles, masoquismo da nossa. Porque, naquele giro dos intervalos, anunciavam uma desgraça após a outra. Na linha "saiba o que aconteceu segundos antes deste avião explodir", ou "conheça as incríveis máquinas de guerra responsáveis por ataques fulminantes", ou "fique por dentro do terrorismo mundial", ou "testemunhe uma perseguição implacável à grande manada", ou "passe dois dias na prisão com os criminosos mais perigosos"... Tais exemplos foram redigidos por este articulista, que nem de longe conseguiria emprego na emissora, tamanha a distância entre ele e a equipe criativa que produz esses textos eivados de realismo sangrento.

Não bastasse, tem a trilha sonora. Nada daquelas musiquinhas respeitosas, nada de violinos arrependidos como a pedir desculpas pelo que vão apresentar. Não. As trilhas das chamadas têm guitarras trepidantes e nos convidam para a grande aventura protagonizada por pessoas e bichos (que eram ou ainda são) de carne e osso.

No início foi assim. Uma quase aversão. Não fosse aplacada pela qualidade de vários documentários. Quam assiste sabe: o NatGeo (tal é a sua autodenominação) apresenta a crueza de um mundo que não raro preferiríamos que não existisse. Perdi a conta das vezes em que torci pelo zebu, em sua luta encarniçada (olha a hiena aí...) contra o leão. Perdi a conta das vezes em que fiquei preocupado com os leões que não haviam comido zebu nenhum e corriam o risco de desaparecer. Perdi a conta das vezes em que me perguntei por que diabo os animais se alimentam de outros animais ainda vivos, sem etiqueta nem cerimônia.

O NatGeo faz pensar, e essa, a meu ver, é a sua maior qualidade.

Podemos descobrir os detalhes do mundo e dizer para nós mesmos: - Que legal!, ou - Incrível!, ou - Não sabia disso...

Ainda assim, o nosso mundo interior poderá ser rigorosamente o mesmo, dado o automatismo com que assimilamos o conhecimento.

Mas podemos, também, nos maravilhar com aquelas informações e descortinar uma nova forma de pensar. Isso extrapola o universo da biologia e da geografia. Isso extrapola todo o universo. Saber como e por que os outros animais também se forjam na violência ajuda a entender a nossa própria agressividade. Ajuda a questionar os desígnios metafísicos, ajuda a questionar a suposta divindade que nos inspira em nosso cotidiano, ajuda a que tenhamos uma atitude filosófica perante a vida e a morte, o antes, o durante e o depois...

Realço a convivência (sim, convivência) entre a presa e o predador, como poderia exaltar outros campos esmiuçados pela lente dos profissionais que nos levam aonde não conseguiríamos ir.

Estou viciado em NatGeo, e acho isso bom. No próximo artigo, volto a este tema, ainda há muito a dizer. Por ora, conto com a opinião de todos neste espaço.


Nota do Editor: José Paulo Lanyi é jornalista, escritor, dramaturgo, crítico, escreveu quatro livros, um deles com o texto teatral "Quando Dorme o Vilarejo" (Prêmio Vladimir Herzog). No jornalismo, tem exercido várias funções ao longo dos anos, na allTV, TV Globo, TV Bandeirantes, TV Manchete, CNT, CBN, Radiobrás e Revista Imprensa, entre outros. Tem no currículo vários prêmios em equipe, entre eles Esso e Ibest, e é membro da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes).

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