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Crônicas
26/01/2007 - 16h11
O velório do tio Jorge
Rodrigo Ramazzini
 

O único medo que o tio Jorge tinha era morrer, pois, como ele mesmo se rotulara: "o homem mais feliz da terra", e por isso não podia abandoná-la assim, já que não sabia o que lhe esperava no lado de lá. Sua avançada idade despertava o temor dos filhos, afinal, uma hora ele tinha que morrer. Isso aconteceu no dia cinco de Janeiro, aonde tio Jorge veio a falecer depois de um almoço regado a vinho.

Para surpresa dos filhos, tio Jorge deixou um testamento, onde estava divido o patrimônio pertencente a cada filho e todos os detalhes que deveriam ser seguidos no seu velório. Com certeza seria um velório inusitado. A discussão começou quando a filha mais velha do tio Jorge disse que não fariam um velório naqueles moldes, pois tinham que seguir a tradição. O bate-boca sobre o velório durou duas horas, até que o Márcio, sobrinho do tio Jorge, sugeriu fazer uma votação. Seguir o que estava no testamento ganhou com a diferença de um voto, com o argumento:

- Foi a última vontade do morto.

O pessoal da decoração estranhara, afinal, decorar um velório, com balões e fitas não se fazia todos os dias. O cheiro de churrasco já "inundava" o ambiente, assim como o gaitaço do Zé Cláudio, velho companheiro do tio Jorge, alegrava os dançarinos ali presentes. Num canto da capela funerária, amigos do tio Jorge relembravam suas melhores histórias, regados a muita cerveja. A certa altura do evento, foi organizado um campeonato de piadas, sendo vencido por dona Noeli, esposa do tio Jorge.

A comilança e a bailanta divertiam os presentes, foi quando entra, de forma explosiva, um rapaz gritando:

- Chega! Vocês não estão vendo que estamos em um velório aqui do lado.

- Nós também. Responde Márcio.

- Nós exigimos respeito, afinal, o meu pai foi vereador dessa cidade e merece descansar em paz. Por isso parem com essa baderna! Ordenou o rapaz novamente.

- Esse foi o último desejo do morto. Contrapôs Márcio.

- Meu pai merece respeito. Ponto final nessa bagunça! Exigiu o rapaz.

- Respeito por respeito, que idade tem o teu morto? Indagou Márcio.

E o rapaz redargüiu:

- 54 anos

Márcio replicou:

- O nosso morto tem 91 anos, respeite o mais velho rapaz, por isso, segue o baile!

E a gaita voltou a ressoar no salão...


Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista, escreve semanalmente para o site www.sulmix.com.br, e para diversos jornais.

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