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Opinião
29/01/2007 - 05h05
O Brasil, quem diria, é uma monarquia!
Jorge Omar Oliveira - MSM
 

O Brasil não cresce, com exceção de algumas bolhas, faz anos.

Os economistas já tentaram desde ortodoxia até pajelanças e tudo ficou como estava – ou pior.

A única explicação, por mais improvável que seja, é que vivemos em uma monarquia.

Se os nobres estão bem, arbitrando livremente seus proventos oficiais (e extra-oficiais), qual o inconveniente do país não crescer?

Uma monarquia disfarçada que de tempos em tempos realiza uma eleição ’para inglês ver’, de modo a dar aos plebeus uma impressão de que eles servem para alguma coisa (além de pagar impostos escorchantes, é claro).

A mesma monarquia que por volta do ano 1500 criou os cartórios para vender cartas de navegação, que levou Mauá à falência por ter-se tornado mais importante que o imperador.

Não acredita?

Responda então: para um deputado ofender a mãe de outro, qual o tratamento a ser usado? É, se não for Vossa Excelência, pode ter o mandato cassado por falta de decoro!

Nem o presidente dos Estados Unidos é tratado como Excelência. E ele é um pouco mais importante do que nossos governantes...

Construímos nossa Camelot no planalto central, uma cidade concebida totalmente para abrigar os nobres e sua corte – nenhuma outra finalidade.

O Rei, claro, todos sabem quem é.

Mora em um Palácio - não é interessante que o palácio tenha sido construído já na república?

O presidente dos Estados Unidos deve morrer de inveja!

Como todo rei que se preze, tem uma corte – conhecida como ministros e assessores, a maioria amigos do peito ou cupinchas.

Capacidade administrativa é um parâmetro secundário.

Temos duques e condes – que, lógico, também têm uma corte, mas formadas apenas por assessores – muitos escolhidos entre parentes e amigos, pois devem ser ’de confiança’.

A justiça também tem sido muito parcial. Os processos contra nobres só podem ser abertos em foro privilegiado (por mais comezinho que seja o crime).

Arrastam-se por uma eternidade, muitas vezes caducando antes do fim do julgamento.

Já se um plebeu rouba um pão...

Ocasionalmente, os nobres são submetidos ao julgamento de seus pares.

O resultado de tais julgamentos é sobejamente conhecido – salvo poucas exceções, são todos inocentados. Aos nobres não se aplicam as leis – estas servem apenas para plebeus.

Fora de Camelot temos príncipes – que também moram em palácios, de novo muitos construídos ou assim batizados já na república, com suas cortes em que capacidade administrativa é parâmetro secundário.

Temos milhares de barões espalhados pelo país.

Quando faltam cidades para mais barões, é realizado um plebiscito, uma cidade é dividida e cria-se um novo baronato.

O fato de que o baronato é economicamente inviável (cerca de ¾ do total, segundo o IPEA) não faz a menor diferença.

Uma das características de nossa monarquia é que é possível a um plebeu ascender a ela.

Seja via eleições, seja via nomeação (em sua maioria cargos ’de confiança’) ou via concurso público, após o qual ele se torna um cavaleiro da corte.

Mas a maioria dos que ascendem não saem mais, fazendo com que a corte não pare de crescer – junto com os custos para mantê-la.

Uma das razões deste crescimento é que é praticamente impossível reduzir os quadros – na prática não se demite um cavaleiro, independente de seu desempenho, tornando os cargos quase vitalícios.

Vitalícios também são os cartórios, o símbolo mais visível da burocracia, que até pouco tempo eram hereditários, como qualquer título nobiliárquico que se preze.

Um outro tipo de feudo é o das empresas estatais.

Seus funcionários deveriam ser regidos pelas leis trabalhistas como o resto da população, mas na prática fazem parte da nobreza – com o governo cobrindo rombos em fundos de pensão, aumentando tarifas acima da inflação para cobrir ineficiências etc.

Para se perpetuar no poder, nossa monarquia age de uma forma similar à do império romano – para os patrícios, benesses (BNDES etc.); para os plebeus da classe baixa (75% de analfabetos funcionais), pão e circo - bolsas família, carnaval, festas religiosas etc.

A classe média (que, tirando-se fora os funcionários públicos, é minoria absoluta nas regiões norte-nordeste) que se vire para pagar os impostos.

Em teoria, uma nova constituição poderia mudar o país – mas os constituintes de 1988 tomaram suas precauções, impedindo a convocação de uma constituinte...

Devemos todos ’agradecer’ a Juscelino por fundar Brasília, Geisel por tornar o país uma federação não representativa e a Sarney por convocar uma constituinte formada por nobres para legislar em causa própria.

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