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Opinião
04/02/2007 - 08h51
Explicando Chávez
José Nivaldo Cordeiro - Parlata
 

Por que Hugo Chávez, que domina o Congresso da Venezuela, propôs uma lei para ter "superpoderes", ou seja, legislar diretamente via decreto prescindido do próprio Congresso, que perdeu assim a sua razão de ser? Os poderes ele já tinha de fato, pois manda e desmanda naquele triste País, governando sob a bota totalitária, mas porque essa encenação jurídica toda? As perguntas impõem-se em face da óbvia redundância do ato.

Há um precedente histórico na ascensão de Hitler ao totalitarismo. Quando o Congresso alemão votou a lei de que lhe deu todos os poderes, com o Hitler em pleno Reichstag apontando o dedo em riste sobre a presidência da mesa, ele já dispunha desses poderes, concedidos pelo presidente Hindenburgo via decreto ao Fhürer. Era a mesma redundância jurídica que estamos a ver no vizinho do Norte. Por que?

Joachim Fest, um dos seus melhores biógrafos, sugere uma explicação nada banal, mas adequada aos fatos. Hitler, como Chávez, não se contentava em ser um mero ditador, tinha a pretensão de ser de fato o representante da alma coletiva de seu povo. A chancela da lei era um atestado jurídico que lhe dava conforto psicológico para seus planos malignos. O esmagamento das lideranças políticas, seja metafórica em primeiro momento ou literal no segundo, estava de acordo com esse messianismo maluco. O tempo mostrou o perigo que é fazer o ajuntamento de todos os poderes na pessoa de um doido varrido, incapaz de uma análise geopolítica sensata, inflado até mais não poder pelos poderes a ele conferidos, a comandar os destinos da Nação, de vida e de morte sobre toda a gente.

Veremos na Venezuela inexoravelmente movimentos em direção à violência de Estado sem limites. No primeiro momento o alvo será os opositores internos, fazendo assim com que o "apoio" do povo seja integral, voluntário ou não, via terror. Muitos morrerão. Mas o passo seguinte será dado, pois uma personalidade como Chávez julga-se capaz de construir um império, a despeito da realidade dos meios à sua disposição. Ameaçar os países vizinhos menores de anexação já parece um fato consumado. Levar a guerra aos inimigos ideológicos de maior tamanho, como a Colômbia, certamente está na sua agenda. Entrar no tabuleiro do xadrez político mundial já o fez, com a sua aliança fechada com o presidente maluco do Irã.

O povo venezuelano não sabe dos perigos a que está submetido. Os EUA não assistirão a isso passivamente e o momento do confronto se aproxima veloz. Claro que do ponto de vista militar Chávez não tem força para um enfrentamento nem de poucas horas. Mas até chegar o basta a tragédia terá sido consumada, com seus milhões de mortos, as seqüelas da desordem econômica, a destruição da infra-estrutura, o caos como só se vê em países militarmente derrotados e ocupados.

E o Brasil? Já está envolvido em tudo isso e não sei se ao estourar uma guerra ao Norte se ficaremos de fora da tragédia. O Brasil é grande demais e a Venezuela próxima demais para que qualquer arranjo não passe por Brasília. Se Chávez fez o que fez e está onde está é porque o governo Lula lhe deu salvaguardas para tal. Segurou os EUA nos momentos decisivos. Mas essas salvaguardas são frágeis e cessarão na hora em que Bush (temo que ainda no seu mandato) tiver que tomar ações em nome dos interesses estratégicos dos EUA.

Lembremo-nos da Alemanha de 14/07/1933, dia em que o Poder Legislativo capitulou diante do bufão. Ontem aquele dia fatídico se repetiu na Venezuela. O Mal está em ação por aqui, veio cobrar seu óbolo caro em vidas humanas.


Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL - Associação Nacional de Livrarias.

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