A Internet é, sem dúvida, grande ferramenta de pesquisa e trabalho. E, naturalmente, oferece lazer para milhões de pessoas desocupadas por conta de aposentadoria, doença, férias ou de seus empregos públicos que pouco cobram. Mas dá um misto de tristeza e desconforto o recebimento de e-mails primários, coloridos, músicas batidas e acompanhados de adjetivos: lindo! Imperdível! Sensacional etc. E têm uns que dividem em sílabas a palavra adjetivada: ma-ra-vi-lho-sa. E, quase sempre, escrevem isso com letras maiúsculas em fundos de tons de róseo ou lilás que fazem qualquer pessoa de relativo senso estético perder a paciência. Peço, por favor, não me mandem essas baboseiras que rolam pela Internet. Recebo, mesmo sem querer, todos os tipos de Spams. Os Spams são e-mails genéricos, não solicitados: falam de vendas, cura de cânceres, crianças perdidas, testes, orações com melosas músicas e escritos piegas, supostos textos de intelectuais, correntes de felicidade, prova de amizade pedindo resposta para o próprio remetente etc. Sei que existe o mecanismo de bloqueio de remetentes e mensagens, mas sei também que as pessoas deveriam usar bom senso e não atazanar a paciência de quem tem pouco tempo disponível. Para bloqueio definitivo ou excluir os spams se perde um tempo que poderia ser mais bem utilizado. Essa rede de afetividade, interesses e afins deveria ser restrita a amigos íntimos de gostos similares, mas o que se vê, pelo contrário, é a exposição de dezenas de e-mails pessoais que, mesmo sem saber, passam a ser alvo, além dos spams, de vírus de todas as naturezas.Quem quiser me agradar, não me mande spams. Recebo, com prazer, quaisquer manifestações pessoais, individualizadas, curtas ou longas, mas rejeito tudo aquilo que vem como genérico, apenas cumprimento de tarefa de repassar ou alardear redes de relações, quando muitos não passam de meros conhecidos. Mas, como dizia Homero: “Sê paciente, alma minha, já passastes por coisas piores”.
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