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Crônicas
04/02/2007 - 22h23
Namorada bagaceira
Ruth Barros
 
Diário da Perua

Anabel encontrou a amiga loura, que aliás está mais bonita, com um telhado maroto, de franjinha, que lhe ficou muito bem. Elogiei e ela modesta disse que foi idéia da cabeleireira, que falou que era moda "disse que fizesse como quisesse, não sou muito ligada em modismos, se ficasse ruim era só crescer", contou desencanada. E me contou também que tinha ido ao show dos Mutantes do aniversário de São Paulo, "maravilhoso, exceto por um pequeno detalhe". Que detalhe, quis eu saber, xereta. A loura tomou fôlego e fez um biquinho, muito dela, pra me narrar a história:

- Você acredita, Ana, que entre as 50 mil pessoas que foram ao show eu dei o azar de, por uma falseta do destino, cruzar com meu ex-namorado, o Celso, aquele hiper ciumento, que fez um escândalo louco pra chamar minha atenção pra eu ver a nova namorada? E o que é pior, ele arrumou a mulher mais bagaceira do mundo, simplesmente não é justo.

Argumentei que ela é que tinha dispensado ele para poder namorar um bonitão, se não tinha dado certo azar o dela, nada mais justo que ele também fosse refazer a vida, bagaceira ou não era apenas um detalhe, ela tava era com dor de cotovelo, mas a loura não se deu por vencida:

- Fiquei com o cara dois anos me jurando que ia mudar, que ia procurar um analista, resolver a paranóia do ciúme etc. Quando terminamos, novamente por cena de ciúme, a única vez que veio me procurar foi bêbado, no telefone, de madrugada, eu dispensei. Foi só eu virar as costas para ele pegar a maior baranga do pedaço. Ora, se era pra se virar com qualquer traste, por que ficou dois anos empatando a minha vida?

Na maior paciência tornei a replicar que eu conheço uns amigos dele que rezam pela mesma cartilha, ou seja, arrumam umas mulheres horrorosas, nem tanto pelo aspecto físico, apesar de algumas serem minuciosamente bregas, mas por uma questão de atitude - não importa que baixaria eles façam ou falem que elas acham tudo lindo, riem, enfim, é de dar vergonha na categoria. Essa aí, pelo visto, não iria destoar na turma. E o que ela faz, além de ficar grudada no cara?

- Acho que não faz nada, como mora no interior até onde eu sei ela vive entrolhada na casa dele, lavando, passando paninho no chão, essas coisas. O imbecil já se tornou um imbecil praticamente casado com a baranga e acho que nem disso se dá conta. Eu o encontrei algumas semanas atrás sem ela e queria que fosse dormir na casa dele. Se ele não estivesse tão bêbado e chato poderia até ter rolado. Tenho certeza de que ligou no dia seguinte para a fulana e contou, tanto que ela despencou aqui em São Paulo em pleno fim de domingo, pra poder vigiar o pedaço de perto, o que reforça a tese de que realmente é o que ela tem pra fazer da vida.

Assim ficava difícil, respondi, sem entender muito o que é que a loura queria fazer da vida.

- Não vou fazer nada, estou gostando de ficar solteira depois de tanto tempo, seguindo minha dieta de anorexia líquida, ou seja, não como ninguém, como diz o Zé Simão e tenho saído para beber e farrear o quanto posso. Depois também se eu pegar a primeira trolha que aparecer vou fazer feito ele e é o que não quero.

Continuei sem saber o que ela queria, mas a loura explicou direitinho:

- Use esse caso para seu próximo Diário da Perua, ver todo esse ridículo no preto e no branco vai me fazer bem. E quando mandar para seu editor mande com cópia para o Celso e para nossos amigos. Praticamente todos foram alugados com as cenas dele e agora, podem estar certos de que seus problemas acabaram, pois ele não tem mais o menor motivo de sentir ciúme nenhum.

Anabel Serranegra acha que a loura ainda está com dor de cotovelo, mas o tal do Celso realmente não vai dar nunca conta de uma mulher feito ela


Nota do Editor: Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra.

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