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COLUNISTA
Sidney Borges
15/07/2004 - 18h07
Milagres
 
 

Deu na Folha. Existe a possibilidade de ter havido um milagre, desses que a gente ouve falar e nunca vê. Aconteceu em Minas Gerais, eu não imagino que pudesse ser em outro lugar.

Um padre guardou algumas hóstias num vidro. Semanas depois elas se transformaram em sangue. Bom para os bancos de sangue que lutam contra a falta do produto.

Seria interessante se algumas hóstias virassem ouro. O Brasil poderia pagar a dívida e teríamos a criação de dez milhões de empregos como Lula prometeu.

Quem sabe um milagre poderia ajudar o nosso querido presidente falastrão!

Quando criança tive medo das hóstias, o padre do catecismo ameaçava que se o corpo de Cristo encostasse, ainda que involuntariamente, num único dente, o dono do maxilar pecador cairia preto, fulminado na própria igreja.

Eu morria de medo de cair preto, de ser fulminado nem tanto. Caso não morresse seria expulso da família, cuja cor lembrava lençóis no varal.

Na adolescência quando eu ia à praia todos riam. Como é possível alguém ser tão branco, perguntavam. Nunca soube a resposta, mas voltando às hóstias, uma vez fui comungar e ao olhar para o lado vi Isaac, meu colega mastigando com apetite. Perguntei o que ele estava comendo. A resposta foi mais ou menos assim:

- Hóstias é claro. Não tem gosto de nada.

Eu fiquei aterrorizado, ele já tinha comido três e teria continuado se o padre não tivesse percebido e impedido que entrasse na fila outra vez.

Depois da missa fomos para casa juntos e chegamos à conclusão que ele era imune à maldição do negrume por ser judeu. Isaac disse que não iria mais comer hóstias. Preferia "gefiltfisch".

De vez em quando aconteciam coisas esquisitas no bairro onde eu morava. Uma vez apareceu uma santa numa garrafa. Minha avó me levou para ver.

Uma multidão se acotovelava numa ruela, debaixo de uma janela. De tempos em tempos uma velha mostrava uma garrafa com alguma coisa no fundo.

As pessoas diziam em coro oh! E rezavam ave-marias sem parar. Eu também rezei.

O marido da velha passava um saquinho onde eram jogadas moedas para ajudar a santa.

Pra quê ajudar a santa, perguntei. Minha avó disse para eu calar a boca.

Milagres sempre existiram, estou convencido.

Apenas são um tanto estranhos, como é o senador Suplicy que um dia perdeu o eixo e agora canta "Blowing in the wind".


Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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