11/09/2025  22h19
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
11/02/2007 - 17h08
Pelado no banco
William Magalhães
 

Acordou e precisava ir ao banco. Tomou um banho gelado, colocou a roupa e saiu de casa. Calça jeans, um cinto de rebites e uma camiseta verde. Casual, esporte. O dinheiro estava no bolso, junto com o boleto que ele teria que pagar.

Subiu no ônibus, pagou a passagem e chegou no metrô. Desceu na República, andou até a Barão de Itapetininga. No caminho, ele observava: as mulheres passam pelos homens, que olham com desejo para as mulheres e que são vistos com desejo por outros homens.

Ciclos, como ele não poderia deixar de pensar em ciclos, tudo girava e se reciclava, assim como a porta giratória daquele banco.

Era sempre a mesma coisa. Sempre. Toda vez que ele ia passar pela porta giratória, a porta apitava e ele era sempre barrado. Para evitar inconvenientes, ele ia ao banco sem nada, nenhum objeto, bolsa, mochila, enfim nada. E nada que fosse metálico, uma vez que é importante lembrar isso.

Ele era barrado de graça, de propósito. Preconceito. E toda vez o segurança pedia solicito que ele desse um passo para trás da porta amarela e tentasse de novo. E assim ele ia, e a porta novamente apitava. Ele levantava a blusa, para deixar claro para o segurança que não, ele não estava armado, ele era inocente e não representava nenhuma ameaça ao superinteligente esquema de segurança projetado pelo banco.

E só assim, na terceira vez, o segurança do banco apertava o botão que liberava sua entrada. Mas daquela vez seria diferente. Ele se vingaria e estava decido a isso. Já estava tudo premeditado, desde a hora que ele saiu de casa.

Quando foi tentar passar pela porta giratória, o apito o fez voltar para trás. Sua única reação foi sorrir. Um sorriso irônico e sarcástico tomou conta de seu rosto. Dessa vez, ao levantar a camiseta para mostrar que não estava armado, ele tirou também seu cinto. Tudo premeditado. Tudo friamente calculado, uma vez que ele sabia que o material dos rebites de seu cinto não faria nenhuma porta giratória apitar.

Como seu cinto estava na caixa onde geralmente objetos como guarda-chuvas são depositados, ao passar pela porta sua calça caiu por suas pernas, deixando tudo abaixo da cintura à mostra. Foi levado à delegacia, respondeu processo por atentado ao pudor e pagou a conta com multa por atraso.


Nota do Editor: William Magalhães é jornalista.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.