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Crônicas
14/02/2007 - 16h14
Muitos saberes, nenhuma compaixão
Neiva Pavesi - Agência Carta Maior
 

Concordo com Rubem Alves: “os corruptos são homens que passaram pelas escolas, são portadores de muitos saberes. Tendo tantos saberes, o que lhes falta? Falta-lhes compaixão”.

Não tendo compaixão, o corrupto lesa a humanidade, porque não se identifica com ninguém, não enxerga o outro, não se põe no lugar do outro. Praga tão nefasta quanto a corrupção é a omissão. Omitir-se é não fazer aquilo que, moral ou juridicamente, se devia fazer. Omissão é ausência de ação, inércia; deixar de lado, não tomar conhecimento; saber das coisas e fazer de conta que não sabe; é não ter um olhar para o outro; é não se identificar com o outro. A falta de compaixão tem efeitos devastadores na Saúde, na Educação, na Segurança.

Muitos dos que posam de íntegros, podem não receber propinas, nem estar na lista dos mais corruptos, mas deixam de fazer o que lhes compete. Não podem, então, levantar a bandeira da ética porque não têm a noção do bem comum.

Se eleitos para cuidar dos interesses e direitos dos cidadãos, podem até não legislar em causa própria, mas também não o fazem em nome de quem os elegeu. Simplesmente se omitem, ficam no limbo, confortavelmente recebendo excelente salário, com regalias impensáveis, negadas ao cidadão comum. Não lhe tem compaixão; não o respeita. Passam anos e anos dando nome a ruas, criando dia disso ou daquilo, impostos risíveis, discutindo se a pronúncia é iôga ou ióga, aparecendo em colunas sociais inócuas. Circulam pela mídia com discursos vazios, inconsistentes, repetindo rançosos chavões que não resistem a um sólido argumento.

Se secretários de governo, desonram o cargo que lhes foi atribuído, não se importando em fazer algo de bom para os outros. A falta de políticas públicas necessárias capazes de estruturar o Estado, a cidade, em função do cidadão, é nossa velha conhecida. Quem se importa em implantá-las? Quem se importa em melhorar as condições vigentes? Os problemas tomam uma proporção assustadora. Só que cada problema traz em si sua própria solução, mas falta vontade política e sobra omissão para resolvê-los. É a perversão do olhar e do sentir.

A omissão é perversa porque engana os desavisados. Os omissos se movimentam muito, dando a impressão de ação, mas nada realizam dando espaço aos corruptos que sangram a nação. O eleitor que se deixa enganar, também por omissão, dá-lhes cargo vitalício no cenário político. Não percebem seu papel no jogo da mentira que empossa seres despreparados no poder e que irão, fatalmente, destruí-lo. Há políticos que são uma farsa, um engodo, um equívoco, mas continuam por aí içados aos seus cargos pelos milhões de integrantes da Escola de Samba Unidos do Me Engana que Eu Gosto, patéticos foliões da vida, sem auto-estima, sem autoconfiança, sem auto-respeito. Que não se dão valor, que não sabem da sua relevância na sobrevivência da espécie humana. Que supervalorizam os saberes dos que deles não têm compaixão.


Nota do Editor: Neiva Pavesi é educadora, promotora de leitura, divulgadora cultural, escritora. Coordena Concertos de Leitura com o Grupo Cantigas Praianas.

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