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Opinião
14/02/2007 - 09h10
E a culpa é nossa?
Percival Puggina - MSM
 

Vivi uma semana de indignações. Primeiro, o episódio da criança que, presa ao cinto de segurança, no exterior de um carro roubado, foi arrastada pelos ladrões até estraçalhar no asfalto. Depois, a absurda exigência do Estatuto de Infância e Adolescência que permite à imprensa mostrar a foto da vítima, mas impede a divulgação da imagem do menor que participou do crime. Esse, se as coisas lhe saírem muito mal, passará no máximo três anos numa Febem da vida. Por fim, ainda precisei ler artigos cujos autores atribuíam ao conjunto da sociedade a culpa do que aconteceu. No resumo do que afirmam, os culpados somos nós.

Por qual razão aqueles que assim escrevem, ou com isso concordam, não se entregam à delegacia mais próxima como co-autores confessos de crime tão hediondo? Ou, na mais misericordiosa das possibilidades, por que não sobem de joelhos, em envergonhada, silenciosa e contrita penitência, a escadaria da Igreja das Dores? Proponho, a seguir, uma reflexão sobre os equívocos em que se apóia a tese da tal culpa coletiva.

De um lado, há o erro da idealização da natureza humana, segundo o qual nasceríamos bons e incapazes do mal até que a sociedade começasse a nos deformar. Por essa via, extingue-se o pecado pessoal e só há lugar para o pecado social. Muito conveniente, bem se vê. Mas a afirmação é falsa. Somos pessoalmente capazes do bem e do mal, e temos sempre, diante de nós, as inúmeras possibilidades proporcionadas pela liberdade e pelo livre arbítrio. Sob tais condições, nossas escolhas pessoais não raro confundem a satisfação dos sentidos com o sentido da felicidade. E aquela costuma ser mais sedutora do que este. Sem uma lei moral que anteceda a própria existência humana, o Bem, sua definição, a adesão a ele e o conseqüente robustecimento da vontade, se tornam matérias de opção e caímos no relativismo. Quem tiver interesse no assunto busque conhecer a antropologia cristã.

De origem igualmente antropológica é o erro dos que crêem que nascemos iguais e vamos nos diferenciando como conseqüência de um sistema que produz e reproduz desigualdades. Também isso é falso. A única coisa em que somos idênticos é na dignidade natural, inerente à condição humana. Nossa dignidade não está na classe social, nos títulos, na cor da pele, no intelecto, na força, na beleza ou nas roupas. Ela está no fato de sermos pessoas, e se eleva, segundo a doutrina cristã, por sermos filhos de Deus. É daí que advém todo o conjunto dos nossos direitos naturais. E ponto final ao tema das igualdades; no mais, somos diferentes em tudo e vamos, ao longo da vida, no conjunto da obra, acumulando diferenças. A necessária solidariedade nasce, precisamente, do conjunto dessas diferenças perante a igual dignidade antes mencionada. Quem tiver interesse no assunto busque conhecer a Doutrina Social Cristã.

Por fim, há o terrível erro ideológico que decorre do anterior. "Somos todos culpados" afirmam os autores, talvez porque nos vejam como formigas de um formigueiro que se desnorteou. Nascemos iguais e laboriosos, mas "esse modelo" (ocidental, cristão, burguês) levou a sociedade à loucura. E só a religião do Estado ou do partido, através do coletivismo socialista ou comunista seria capaz de nos salvar.


Nota do Editor: Percival Puggina é arquiteto, político, escritor e presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública.

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