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Crônicas
18/02/2007 - 18h03
Brasil-folia
João Soares Neto - Agência Carta Maior
 

Desde ontem o Brasil está na folia. Folia significa pândega, bagunça, loucura. É isso que caracteriza o nonsense do verdadeiro carnaval, a ausência de propósitos. Não é a estrutura “las veguiana” das escolas de sambas, com uma cultura do faz-de-conta. Faz de conta que a ilusão é realidade, faz de conta que o enredo é uma mensagem de cunho social e faz de conta que todos são sambistas. Como, se a essência financeira das escolas de samba é fruto, quase sempre, da contravenção?

A folia, livre, descoordenada e democratizada é a resposta do povo à sisudez da vida, à violência flagelando famílias e transformando a todos em reféns medrosos diante do inesperado. Assim, em meio a goles de cachaça e de cerveja vamos todos entorpecer a nossa tristeza endógena e transmudá-la em alegria coletiva de brasileiros que não votaram em Sarney, votaram no Collor, não votaram em Itamar, mas votaram em FHC e bisaram Lula.

Na verdade, pouco se sabe sobre o povo brasileiro, tão vário quanto mal definido, mesmo que Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Jr. tenham tentado explicá-lo, sem grande êxito. Em pleno 2007, pouco se conhece de sentimentos, caráter, sonhos e dores díspares dos que habitam a Amazônia, povoam os pampas gaúchos, sertanejam pelo centro-oeste ou nas securas do nordeste. Somos tantos. O que temos em comum é riqueza mal distribuída e pobreza generalizada. O que nos une é a ignorância da grande maioria, esperando a redenção que sempre depende do céu ou dos outros, especialmente do governo.

Mas, falava do Brasil-Folia e não estava pensando nos espetáculos para turistas e televisão no Rio, São Paulo e Bahia. Folia não tem enredo, abre-alas e mestre-sala. Nada a ver com alegorias, marcação, harmonia e iluminação. Folia é terapia coletiva, é baticum no boteco da esquina, nos blocos e cordões de sujos, tudo aleatório e anárquico. O resto é fantasia comprada por turistas desengonçados, sem cadência ou tendência para o passo inconseqüente do samba, posando para câmeras, na esperança do registro que lhes dê glória, efêmera que seja.

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