O século 20 foi caracterizado pelo avanço no desenvolvimento dos antibióticos. Mas, à medida que surgiram, maior resistência bacteriana foi sendo adquirida aos novos medicamentos. Por outro lado, apareceram doenças como o câncer, o diabetes e a aterosclerose em conseqüência das mudanças dos hábitos alimentares que acompanharam o avanço da tecnologia. A Medicina tradicional está revendo os seus conceitos. O século 21 está sendo considerado como o século da Medicina Preventiva, quando se procuram alternativas para prevenir o aparecimento das diversas doenças. As recentes pesquisas científicas com os diversos microrganismos probióticos vêm de encontro às novas propostas da Medicina Preventiva através do fortalecimento do organismo através dos intestinos saudáveis. O termo "probiótico", de origem grega, significa "para a vida" e tem sido empregado das mais diversas maneiras ao longo dos últimos anos. A Organização Mundial de Saúde (WHO), juntamente com a FAO (Food and Agricultura Organization), definiu em 2001 que probióticos são microrganismos vivos que, quando consumidos em quantidades adequadas, conferem efeitos benéficos ao hospedeiro. Os pré-requisitos para poder considerar um microrganismo probiótico são ter segurança no consumo, pertencer à microbiota natural do hospedeiro, ser resistente aos sucos digestivos e chegar vivos aos intestinos, ter a capacidade de se desenvolver nos intestinos, ter os seus efeitos benéficos comprovados cientificamente e estar presente na forma viável no produto em quantidade razoável. Existe uma relação dos microrganismos que compõem a microbiota intestinal e a nossa saúde que inclui importantes efeitos sobre o sistema imunológico. As pesquisas sobre a microbiota intestinal são realizadas desde o século 19. Recentemente, técnicas desenvolvidas na área da biologia molecular e da imunologia têm sido amplamente utilizadas, resultando em um rápido avanço e, ao mesmo tempo, que tem ampliado o escopo das pesquisas relacionadas à microbiota intestinal. Microrganismos... Vocês já pararam para pensar neles? São seres vivos tão minúsculos que nunca poderemos visualizá-los sem a utilização de equipamentos especiais, os microscópios. Mas eles estão aí ao nosso redor, nos alimentos que ingerimos, no ar, na água que tomamos, nas nossas mãos, nos nossos cabelos... São cerca de 100 trilhões de microrganismos, classificados em mais de 100 espécies diferentes, coexistindo em certo equilíbrio dentro dos nossos intestinos, compondo a microbiota intestinal. Este equilíbrio pode ser desfeito a qualquer momento por várias causas. E, como conseqüência imediata deste desequilíbrio da microbiota intestinal, o nosso estado de saúde pode ser afetado. As bactérias intestinais contêm uma ampla variedade de enzimas e, como conseqüência, produzem substâncias tanto benéficas quanto prejudiciais ao organismo. Além disso, toxinas produzidas pelas bactérias e as substâncias químicas que constituem o seu corpo afetam e agridem o mecanismo imune do hospedeiro. Algumas espécies de microrganismos intestinais possuem ação protetora sobre o trato gastrointestinal através do controle no desenvolvimento de bactérias nocivas e da ação protetora contra infecções. Por outro lado, existem bactérias que não agem prejudicialmente quando o hospedeiro está bem de saúde, manifestando a sua patogenicidade quando a resistência imunológica diminui. Essas bactérias são chamadas de "patogênicas oportunistas". Em toda sociedade existem os indivíduos do bem e do mal. Com os microrganismos não poderia ser diferente. Selecionamos alguns microrganismos mais representativos dessa sociedade. Os do bem, ou seja, os promotores da saúde, são representados pelos lactobacilos e as bifidobactérias; os neutros estão representados pelos E. coli e os bacteróides; e os nocivos pelos estafilococos e os clostridios. Assim, a microbiota intestinal desempenha um importante papel na saúde e na doença, interagindo com os fatores que cercam o hospedeiro. A microbiota intestinal é relativamente estável em indivíduos sadios, mas pode sofrer alterações pela condição fisiológica, emocional, alimentação, ingestão de medicamentos, interação das bactérias intestinais ou de seus metabólitos. Padrões anormais de microbiota intestinal podem ser vistos nas anomalias de peristaltismos intestinais, câncer ou pós-cirurgias, bem como em distúrbios gastrointestinais, gastrohepáticos, anemia perniciosa, radioterapias, estresse, imunodeficiências, ingestão de antibióticos ou em processos de envelhecimento. A relação entre a microbiota intestinal e a nossa condição de saúde é muito importante. A alimentação desbalanceada, rica em gorduras e pobre em fibras, resulta na presença elevada de metabólitos preferidos pelas bactérias nocivas presentes nos intestinos, que os transformam em substâncias nocivas ao organismo. O aumento das bactérias nocivas causa um desequilíbrio na microbiota intestinal, além da elevação na concentração de toxinas circulantes do organismo, podendo perturbar a nossa saúde e, até, causar o temido câncer. Os Lactobacillus casei Shirota têm a capacidade de ajudar a diminuir a concentração de substâncias potencialmente cancerígenas nos intestinos e de estimular a nossa capacidade de defesa contra as doenças, a nossa resistência imunológica. Por meio de suas paredes celulares, os Lactobacillus casei Shirota têm a capacidade de estimular os macrófagos e, com isso, deixam essas células do sistema imune mais alertas a qualquer anormalidade, tornando mais rápidas e eficientes as produções de respostas às invasões de bactérias patogênicas. Nota do Editor: Yasumi Ozawa Kimura é farmacêutica-bioquímica com especialização em Alimentos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (Universidade de São Paulo), com estágios de aperfeiçoamento em Tecnologia de Alimentos pelo Ministério das Relações Exteriores do Japão. Pós-graduada em Administração em Marketing pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). Gerente do Departamento de P & D da Yakult S.A. Indústria e Comércio, onde atua desde 1981 no desenvolvimento e pesquisa de alimentos funcionais.
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