Os jornais do dia dão conta que a Petrobras registrou, no último exercício, o maior lucro de sua história. Isso é bom ou ruim? Uma resposta direta não é tão simples e preciso me alongar na discussão. Quem tem acompanhado ao longo do tempo os meus escritos deve se lembrar que analisei por vários anos seguidos os balanços daquela estatal. Em resumo, pode-se constar que 1- a empresa é uma máquina formidável de arrecadação de impostos e, quanto mais altos os preços, maior a arrecadação; 2- seus empregados gozam de salários e regalias peculiares e elevadas para um país como o Brasil, uma verdadeira extorsão e 3- ainda assim a empresa gera elevados lucros porque detém o monopólio de fato da prospecção e refino de petróleo. Então ter um superlucro nestas condições quer me parecer que ela exerceu no limite o seu poder de monopólio, o que é prejudicial aos consumidores - toda a população brasileira - que teve que arcar com preços artificialmente elevados. Se esses lucros adviessem do aumento da produtividade seria bem outra coisa, uma elevação do bem-estar coletivo. Infelizmente não é esse o caso. É bom que se registre que não li ainda as demonstrações financeiras. É provável que tenha sido registrada a perda verificada com a expropriação na Bolívia, o que torna o lucro monopolista ainda mais exacerbado. Ruim para o consumidor, ruim para o Brasil. Volto à questão inicial: o superlucro é bom ou é ruim? É ruim, em face das condições em que foi produzido, em regime de monopólio. É um lucro "sujo", arbitrário, extraído pela força mercantilista do Estado, brotando da força da lei. Os acionistas privados podem estar felizes, mas isso não muda os fatos. Sua alegria é a contrapartida da miséria dos consumidores, a começar pelos que dependem de querosene de iluminação e do gás butano. Os mais pobres. PS. Sobre os acontecimentos que vitimaram a criança arrastada pelos bandidos no Rio de Janeiro tenho a dizer que o fato só reforça a minha convicção de que os homens de bem nesse país devem procurar seus próprios meios de defesa, a despeito do Estado e mesmo contra o Estado. É questão de vida ou de morte, de sobrevivência, é um direito natural. Armas viraram bens de primeira necessidade, mesmo que contra a lei. Discutir redução da maioridade penal é irrelevante. Diante de um filho morto ou de uma família vilipendiada os homens da casa não poderão fugir da sua responsabilidade. Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL - Associação Nacional de Livrarias.
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