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Opinião
24/02/2007 - 11h05
Mais cidadãos, menos violência
José Carlos Sturza de Moraes - Pauta Social
 
Promoção da cidadania crítica e engajada

Há muito temos a certeza de ter deixado a insegurança dos conceitos e das teorias e encontrando a insegurança do real. Certeza manifesta nos noticiários e nos relatos de pessoas de nossas relações. Tendo em vista essa realidade que tem se presentificado, creio que é hora de sairmos do esconderijo chamado cidadão comum. Pois, por trás do geralmente auto-adjetivo de cidadão comum esconde-se a uma desculpa e uma acusação; a desculpa de não se implicar com as situações que se critica e a acusação a outros, normalmente indefinidos, pelos males porque se passa.

A postura do cidadão comum longe de inócua, é cúmplice ativa de processos vários que levam, por exemplo, ao estado de violência e insegurança porque passamos. Embora num primeiro momento assemelhe-se com uma declaração de baixa-auto-estima ou menos-valia, na verdade expressa um suposto lugar de respeito e seriedade, que não se macula com os acontecimentos mundanos criticados. Talvez seja hora de nos tornarmos mais cidadãos. Cidadãos com ’C’ maiúsculo, não cidadãos comuns, que não têm responsabilidade pelo que acontece ao redor. Pois é no dia-a-dia que se constroem outras possibilidades de realidade social.

No domingo, dia 12 de fevereiro, por exemplo, na partida de futebol entre o Grêmio e o Guarani de Venâncio Aires, o narrador fez um feliz comentário e que expressa um pouco o que penso: comentou que havia uma faixa junto na torcida do meu clube dizendo "Treino é treino" e "Jogo é guerra", ao que discordou e apontou a incitação à violência ali expressa. Essa ação do narrador não parte de uma autoridade, resulta de conduta profissional, ética, de alguém que tem responsabilidade com a não-violência. Ano passado, outro exemplo, outras Cidadãs e Cidadãos, de diversas Ongs, conseguiram que o Congresso aprovasse a lei conhecida como "Maria da Penha", que criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, inclusive com a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, aumentando a segurança para as denunciantes e o tempo de reclusão dos condenados.

Maria da Penha Maia, professora universitária, começou a atuar em movimentos sociais contra violência e impunidade, depois de ficar paraplégica (vítima de tentativas de homicídio de seu ex-marido), e hoje é coordenadora da Associação de Parentes e Amigos de Vítimas de Violência (APAVV) no Ceará. Existe sim muito o que se fazer, só que dá mais trabalho que só se queixar.

O Instituto Amigos de Lucas tem estimulado o Apadrinhamento Afetivo, prática que busca apoiar fraternalmente crianças e adolescentes que nossa sociedade tem legado a falta da família e que vivem em abrigos no estado. Em todo país existem ações, muitas invisíveis, de pessoas comuns, mas Cidadãos, ávidas na promoção de uma sociedade menos violenta. E uma sociedade menos violenta se faz com a defesa de direitos, mesmo em épocas de crise como a que vivemos, onde os sistemas mostram suas falhas e podemos nos por em movimento para suas correções. Nas salas de aula, em nossas casas, praças, etc sempre há o que se fazer como atores principais de mudanças no cotidiano (sem as mágicas inexistentes do instantâneo), que firmam alicerces seguros para um futuro nem tão distante, se diminuirmos o número de cidadãos comuns.


Nota do Editor: José Carlos Sturza de Moraes é estudante de Ciências Sociais/UFRGS - Membro do Conselho Deliberativo do NUCRIAD (Núcleo de Estudos e Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes) - Co-autor do livro ’Conselhos Tutelares, impasses e desafios - a experiência de Porto Alegre (Volume I)’.

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