Temos que repetir esta frase até que ela, de fato, fique na moda. A repetição se faz necessária porque, embora quase todo mundo deseje espontaneamente estar na moda, nem todo mundo tem interesse em ser ético. Aqui, não estamos falando no chatíssimo politicamente-correto fundamentalista, que patrulha até palavrão em jogo de futebol, mas da ética em sua forma mais ampla, uma postura inteligente de não destruir o mundo a longo prazo, não fazer mal aos seres vivos a curto prazo e não se suicidar diariamente. A ética está na moda. Assim como está na moda ser feliz, ser saudável, ser criativo e cuidar do planeta. Plante árvores, recicle lixo, crie um ambiente legal a sua volta. Ontem vivi uma experiência assim no trabalho. A gravação do programa de tv, que há duas semanas inaugurou um sistema interativo com telespectadores, atrasou muito. Muito significa muitas e muitas horas. Todo programa gravado é assim, parece que D’us só gosta de programa ao vivo. Tínhamos duas pessoas voluntárias para participar como videoapresentadores. Eles teriam que passar todo o tempo do programa diante de suas webcams ligadas e em contato com o estúdio, onde seus rostos apareciam em monitores sobre manequins. Para nós, era ao vivo, porque estávamos lá gravando ao vivo com os participantes. A Leslie, chiquérrima, muito bacana, de São Paulo e o Bruno Carvalho, de Belo Horizonte. (O Bruno escreve o Falando Série, blog sobre séries de TV). Eles esperaram muito tempo para começar a interagir ao vivo com o programa. O que era para acontecer às oito da noite, foi começar depois das onze. Saí de lá meia noite e meia e eles ainda estavam participando. Leslie havia chegado de viagem uma noite antes e estava cansada, mas ficou firme lá. Bruno, acorda cedo, mas deu um show de simpatia e paciência, divertindo-se e colaborando sem se queixar. Nós, ficamos nos desculpando, morrendo de vergonha, embora o atraso não fosse por nossa culpa. Toda a equipe se desdobrou em mil para dar conforto a todos os que esperaram durante horas, inclusive a platéia. Houve problemas, mas o tratamento de todos para com todos foi assim, extremamente ético. Transparente, verdadeiro e com um clima de ajuda mútua. Em resumo, fomos todos éticos. E, acredite, em grandes empresas, quase todos, especialmente nas empresas de comunicação, não é sempre que a ética prevalece. Mas na nossa equipe ética é palavra-chave. O exemplo parece tolo, mas a prática da ética é assim, onipresente. A ética está na higiene pessoal, no uso adequado e sem desperdício de todos os recursos, na não-proliferação do ódio e da poluição, na renovação do afeto e das plantas, no consumo que gera produção e crescimento sem gerar mais injustiça social. A ética precisa tornar-se tão indispensável para nós como o ar. Viver sem ética é mesmo irrespirável. A ética está na moda. Não vejo a hora desta moda pegar e invadir todas as passarelas, das ruas às vielas, das rampas do planalto aos corredores do congresso, das avenidas urbanas aos matagais. Repita todo dia isso pra você e para os outros: a ética está na moda. Nunca é demais. Ética, enfim, é respeito. Um respeito perdido que um dia deixamos para trás. Nota do Editor: Rosana Hermann é Mestre em Física Nuclear pela USP de formação, escriba de profissão, humorista por vocação, blogueira por opção e, mediante pagamento, apresentadora de televisão.
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