Semana passada, a imprensa contou uma história a um tempo trágica, curiosa e comovente. Dorival de Souza, 68 anos, e Maria Odete de Souza, 66 anos, morreram da mesma causa, infarto do miocárdio, e com intervalo de meia hora. Dorival faleceu primeiro, e o coração da esposa não agüentou: logo depois ela expirava também. O curto intervalo é surpreendente, mas o fato em si não. Há muito tempo sabe-se que a expectativa de vida do marido ou da mulher diminui com a viuvez. O que é compreensível. Em primeiro lugar, há o choque da perda, que, para uma pessoa idosa, pode ser uma sobrecarga emocional, e orgânica, bastante grande. Depois, vem a mudança de vida. Viuvez muitas vezes significa que a pessoa passa a viver sozinha. Não há um companheiro ou uma companheira que lhe diga coisas como: "Está na hora de tomar o remédio", ou "Vamos caminhar", ou "Não coma tanto, você passou dos limites", ou "Não esqueça que você tem médico hoje". Essas coisas mostram que, apesar de todas as críticas, o casamento ou qualquer tipo de união estável fazem bem à pessoa. Por exemplo, entre alcoolistas crônicos, 70% são solteiros ou divorciados; só 15% são casados. Solteiros e divorciados são hospitalizados duas vezes mais que os casados. A cura do câncer ocorre com uma freqüência duas vezes maior nos casados. Casados fazem sexo com mais freqüência, casados têm renda maior. Casados vivem em média 10 anos mais do que solteiros ou separados. Inclusive porque em geral são mais felizes, conforme um inquérito realizado em 18 países. Claro que cabe aquela dúvida tipo galinha/ovo: as pessoas casam porque são mais felizes (mais afetivas, mais tolerantes, mais abertas) ou ficam mais felizes porque casaram? De qualquer modo, o casamento tem os seus benefícios, uma coisa que já não é tão evidente nesta época de crescentes separações. Não por outra razão, duas autoras americanas, Maggie Gallagher e Linda Waite, lançaram um livro chamado Defendendo o Casamento. É pena que o casamento ainda tenha de ser defendido. Um dia, as pessoas optarão por aquilo que mais lhes convém, casamento, separação ou celibato, sem precisarem ler livro algum, e serão felizes com suas escolhas. Aí, sim, teremos chegado à completa saúde.
|