Quinta foi o Dia da Mulher. Hoje, amanhã e sempre serão dias das mulheres. Esse ser especial que é música aos nossos ouvidos, nuances antigas de valsa vienense, misteriosa como o blues americano, difícil como uma ópera, sensual como um samba, dramática como um bolero, possessiva como um tango, alegre como uma polca, reverente como um hino, inconseqüente como o axé e simples como o baião. Mulher é música, sim, pois ela se expressa por sons, seja riso, choro, modulação da própria voz ao falar com melodia, harmonia e ritmo. Mulher não é silêncio. E porque a comparei com música, resgato as mulheres que, desde o fim do século XIX, fizeram do Brasil um país essencialmente musical. Quem sabe se essas mulheres não foram e são responsáveis pelo equilíbrio social, pois os brasileiros não são grandes cantores, mas as mulheres, sim. Dessa forma é que a "abre-alas" da musicalidade brasileira foi Chiquinha Gonzaga que, em 1899, com a premonitória música, fala: "ô abre-alas que eu quero passar", deu sentido, e significado à música nacional. Depois, Carmen Miranda, com "Jura", de Sinhô, em 1929, mandou recados aos homens: "jura, jura de coração para que um dia eu possa dar-te o amor sem mais pensar na ilusão... Dos sonhos meus, bem junto dos teus para fugirmos das aflições da dor". Nos anos 30, Aracy de Almeida ia de Noel Rosa. "Amor de Parceira" é básica: "saiba primeiro que fulana é minha amiga e comigo ela não briga, com ciúme de você". Depois: Isaurinha Garcia, Dalva, Marlene e Emilinha Borba. E, já na minha meninice: Ângela Maria e Dóris Monteiro ("mocinho bonito de Copacabana que é falso malandro..."). Apaixonei-me por Claudete Soares, Nara Leão, Maysa, Elis Regina e o jazzismo de Flora Purim e Leny de Andrade. Como esquecer Elza Soares, Clara Nunes, Wanderléia, Celly Campelo, Elba, Amelinha ("mulher nova, bonita e carinhosa..."), Rita Lee, Gal Costa, Bethânia, Leila, Marina Lima, Marisa, até ir chegando nas baianas Ivete Sangalo e Daniela Mercury e, por que não, Kátia Freitas? Tantas Mulheres, tantas músicas, tantos sonhos, vidas e amores.
|