Semana passada participei de um encontro muito legal, muito bacana, pra usar a gíria mais tradicional dos colegas de faixa etária. O encontro de jornalistas e especialistas em comunicação aconteceu no Projeto Aprendiz, organizado por uma ONG da qual faço parte, o iPaz, que tem por objetivo básico promover a paz e a não-violência em todas as atividades referentes à mídia em todo o mundo. A proposta do encontro era discutir com os convidados a profissão de jornalista, a situação atual e os rumos para o futuro. O grupo foi dividido em equipes de discussão que depois de um determinado período de tempo apresentaram as questões consideradas mais relevantes a serem discutidas. Os pontos em comum foram surpreendentes. Além dos temas já esperados como a ética e o respeito à profissão surgiram questões muito mais abrangentes como o uso do espaço profissional do jornalista para a mera promoção do ego. Não conseguimos fechar um único assunto a ser desenvolvido, mas uma lista deles. De qualquer forma foi um dos trabalhos mais agradáveis dos quais participei recentemente. Apesar de trabalhar diariamente num ambiente de muita criatividade e juventude, confesso que há algum tempo não me sentia cercada de pessoas tão sérias, experientes, bem-intencionadas, inteligentes e bem-formadas. Pessoas que dominam a língua e o linguajar, que raciocinam de forma clara e lúcida e que conseguem, enfim, colocar idéias antes de pessoas. Não digo isso com ressentimento nem em tom de acusação. É só uma saudade que bateu, talvez dos tempos de faculdade, de vivenciar discussões profundas. Ou talvez, de estar cercada de pessoas que não me ofendem porque não acompanho o Big Brother Brasil 7 e não sabia que Alemão e Diego eram a mesma pessoa. Não quero com isso dizer que devemos nos sentir superiores por ter acesso ao conhecimento formal nem nada. Quero dizer, sim, que fiquei feliz de me ver cercada de pessoas que por um momento pareceram velhos amigos de uma velha tribo, de um tempo em que havia uma ideologia, um sonho, um projeto para cuidar do planeta. A boa notícia, caro leitor, é esta. Nós, que acreditamos na justiça, na igualdade social, num planeta cheio de vida, em pessoas honestas e na coexistência pacífica, podemos até ser minoria. Mas não estamos sós. E por isso mesmo precisamos nos reunir mais e mais vezes. Nota do Editor: Rosana Hermann é Mestre em Física Nuclear pela USP de formação, escriba de profissão, humorista por vocação, blogueira por opção e, mediante pagamento, apresentadora de televisão.
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