Eu rio consternado quando vejo pessoas inteligentes contando com soluções políticas para problemas políticos. A cidade em que vivo foi tomada de assalto pela construção civil, pela migração e pela desordem que surge quando estas duas coisas são feitas sem qualquer respeito às conseqüências. A solução: candidatar-se nas eleições de 2008, fazer justiça com as próprias mãos. Eu não pretendo fazer eu mesmo aquilo que essa patota não fez e não fará. Por que? Primeiro porque eu prezo minha integridade mental. Eu acredito que há algo em cargos políticos que torna as coisas doentias demais. Eu não me refiro à corrupção, nem pretendo buscar explicações para esse desvio. Eu me refiro a coisas mais simples, como o desejo de escolher nomes de ruas, a busca de verbas para o desfile do Bloco do Quiririm, as moções de repúdio e de louvor e de sei-lá-mais-o-quê. Um pouco de inteligência e de senso do ridículo economizariam saliva e dinheiro e talvez criassem espaço para que questões elementares como saneamento e segurança fossem de fato resolvidas. Segundo porque eu prezo minha integridade física. Estado bom é o Estado mínimo, qualquer que seja a escala - municipal, estadual ou federal. Enxugar a máquina administrativa é a parte fácil. Difícil é ensinar à população que a prefeitura não é empresa e, portanto, ela não tem a menor obrigação de fornecer emprego a quem quer que seja. Para esse pessoal, o máximo da justiça social é o Estado Robin Hood. Eu estou fora.
Nota do Editor: Christian Rocha vive em Ilhabela, é arquiteto por formação, aikidoka por paixão e escritor por vocação. Seu "saite" é o Christian Rocha.
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