Em 10 de junho de 1978 terminou a carreira política de Laudo Natel, candidato dos militares ao governo do Estado de São Paulo. Natel foi derrotado por Paulo Maluf na convenção da Arena. Perdeu porque não acreditou na possibilidade de alguém ter coragem - ou no caso de Maluf, cara-de-pau - de afrontar os militares. Maluf podia usar de ousadia, tinha livre trânsito entre os militares da linha-dura. Não se pode esquecer que ele pagou as dívidas de jogo de Costa e Silva, tirando o então Comandante do Segundo Exército de um aperto social humilhante. Um dos principais fatores da derrota de Natel foi o medo de avião. Enquanto ele viajava de carro, Maluf visitava cidades e mais cidades de avião, conversando pessoalmente com cada um dos convencionais com direito a voto. No avião ia a mala preta recheada de dinheiro. Maluf será sempre o mesmo, capaz de tudo pelo poder, inclusive invadir UTIs. Felizmente está no fim. A estratégia do PT de usar Maluf para combater Serra, em São Paulo, foi duplamente infeliz. Desgastou o partido ao proteger alguém com claros indícios de ter praticado atos ilícitos e, além disso, vai tirar votos da candidata Marta. No imaginário popular não existe o confronto Maluf - Serra. Está bem viva a eterna disputa direita contra esquerda protagonizada nos últimos anos no confronto PT contra Maluf. Os estrategistas do PT repetem os erros políticos da Rede Globo ao esquecer que o povo não é bobo. Serra ganha sem abrir a boca, só corre risco de perder se Maluf sair da disputa.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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