11/09/2025  19h07
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
14/03/2007 - 10h06
De borboleta a lagarta
Percival Puggina - Parlata
 

A transformação de uma lagarta em borboleta é de exemplar riqueza poética e estética. A lagarta é feia, a borboleta bonita; a lagarta se arrasta sobre o próprio ventre, a borboleta adeja livre; a lagarta se esconde, a borboleta domina o cenário com sua irrequieta presença.

Mas a lagarta e a borboleta não têm escolha: aquela não pode deixar de evoluir; esta não pode regredir. Já o homem e a mulher nascem como obras-primas do Criador, mas têm a faculdade de eleger para si mesmos o destino das lagartas. E creio que nunca como nestes tempos tais escolhas se fizeram de modo tão radical; jamais, para inteiro descrédito da borboleta, se exaltou tanto a lagarta que existe em nós!

A virtude é varrida para baixo dos tapetes e as degradações exibidas no alto dos telhados. Dezenas de milhões de espectadores se aferram às telinhas para assistir (e alguns pagam para fazer isso em tempo integral) a fatuidade e a inutilidade de um grupo de abobados fazendo e dizendo nada que preste, numa prisão de luxo. É a notoriedade das lagartas. A droga é outra das muitas faces dessa metamorfose às avessas. Traficantes sentam-se no Congresso Nacional; os "chapados" da Zona Sul carioca elegem e reelegem deputado o seu verde Gabeira. Bandas de roque levam multidões de jovens ao delírio com sua histeria, berrando letras que são um réquiem à caretice das borboletas. Há alguns anos chegamos ao absurdo de um fabricante de roupas espalhar outdoors informando que seus jeans custavam menos do que três gramas de cocaína e agitavam muito mais.

Assim, a droga vai chegando a toda parte, instituindo seu Estado Paralelo, viciando, afetando cérebros, destruindo carreiras e famílias, convertendo escolas em centros de tráfico, diminuindo a percepção e a motivação, arrastando à marginalidade, matando e produzindo assassinos, corrompendo, calcinando afetos e transformando borboletas em lagartas que se arrastam no implacável e dilacerante casulo do vício.

Os agentes de todas as modalidades de metamorfose às avessas têm marqueteiros, dinheiro, organização, propaganda e força política. E nós? O que temos feito além de cuidar, insuficientemente, das vítimas de tais flagelos? É mais do que tempo de uma ação educativa, legislativa, política, jurídica, policial, militar, pastoral e familiar, contra os muitos modos através dos quais se destrói a juventude. Talvez o pior de tudo isso esteja no fato de responsabilizarmos as vítimas por aquilo que delas fizeram os adultos que traficam, as autoridades que se omitem, os relativistas da esquerda e da direita, e os muitos que, na mídia, dela se valem para destruir valores insubstituíveis por qualquer coisa que preste.


Nota do Editor: Percival Puggina é arquiteto e da Presidente Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública. Conferencista muito solicitado, profere dezenas de palestras por ano em todo o país sobre temas sociais, políticos e religiosos. Escreve semanalmente artigos de opinião para mais de uma centena de jornais do Rio Grande do Sul.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.