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SEÇÃO
Crônicas
16/03/2007 - 19h03
A greve dos artistas
Artur de Carvalho - Agência Carta Maior
 

Começou com os caras da música. Éééé. Se não tivesse começado com eles, talvez não tivesse dado tão certo. Os caras da música, sabe como é, são os caras que mais ganham dinheiro nesse negócio todo. Os caras da música e alguns atores lá de Hollywood. Esses caras que ganham dinheiro, precisa ver só. Mas mesmo assim começou com eles. Eles resolveram parar de trabalhar por uns tempos. Os produtores e os donos das gravadoras foram lá, e ofereceram mais dinheiro para eles. Mas eles não quiseram. Éééé, rapaz. Os caras foram machos. E aí eles falaram que não estavam de greve por causa do dinheiro. Era para mostrar quem é que manda mesmo nesse negócio. Porque esses produtores, e esses políticos, e esses caras, acham que mandam no mundo só porque têm dinheiro. E os artistas resolveram mostrar que dinheiro não serve pra nada se não tiver o que comprar com ele. Éééé, rapaz, era uma idéia revolucionária. Depois dos caras da música e dos atores, chegou a vez dos escritores. Tudo bem. Os escritores não ganhavam tão bem assim, mas sem os escritores, quem é que ia escrever os roteiros dos filmes, das novelas e tudo o mais? Ninguém ia, essa é que a verdade. E isso sem contar os livros. Não tinha mais livro novo e acabou-se. Os editores ficaram malucos e começaram a republicar coisas velhas, mas ninguém mais queria coisas velhas. E ninguém mais queria coisas velhas por causa de quem? Por causa deles mesmos, dos editores, dos produtores e das gravadoras. Foram eles mesmos que ensinaram a molecada a só gostar de coisa nova. O lance era lançar uma moda nova por mês. Um grupo novo. Um escritor novo. Um ator novo. E agora não tinha mais nada de novo, porque estava todo mundo de greve. Éééé, rapaz. De greve. Depois os pintores e os escultores e os chargistas entraram nessa também e pararam de pintar e de desenhar e de esculpir. E os dançarinos pararam de dançar. Até os jogadores de futebol pararam de jogar futebol, porque muita gente achava que aquilo também era uma espécie de arte. A indústria ficou maluca, rapaz. Imagina só o tanto de aparelhinho de mp3 que ficou emperrado nas lojas. Se não tinha mais música, pra quê que o povo ia querer comprar toca mp3? E televisão? Se não tinha mais novela, não tinha mais futebol, não tinha mais filme, o cara ia comprar televisão só para ficar assistindo propaganda? Não ia. E ficaram aqueles montes de TV’s de plasma tela plana cinqüenta e duas polegadas nos balcões das lojas, e ninguém mais queria comprar. Aí então os capitalistas tiveram que dar o braço a torcer. E agora quem manda no pedaço são os artistas. Ninguém mais faz nada sem consultar um artista. Éééé, rapaz. Nada como uma grevinha para mostrar pra esses caras quem é realmente importante nessa droga de vida.

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