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SEÇÃO
Crônicas
17/03/2007 - 13h04
O chaveiro chamado uísque
Ruth Barros
 
Diário da Perua

Jameson entrou nas nossas vidas não engarrafado, como o xará irlandês, mas a bordo de uma bermuda maneira, chinelos e uma camiseta que deixava entrever várias tatuagens. Ele é chaveiro, tem nome de uísque irlandês e apareceu quase como um milagre daqueles que só o álcool é capaz de produzir - quem duvidar aconselho que vá procurar um chaveiro no Rio de Janeiro em pleno feriado de carnaval.

Anabel estava com uma amiga passando o carnaval no Rio na casa da irmã de uma terceira. Por uma dessas falsetas do destino conseguimos perder a chave de casa na balada, da forma mais boba do mundo. Minha bolsa tinha arrebentado a alça, fiquei com medo de deixar cair a chave e entreguei para minha amiga por segurança. Como vida não tem atestado de garantia, muito menos a noite carioca, o que eu mais temia aconteceu. Claro que a gente só se deu conta já pagando o táxi que nos levou pra casa. Só conseguimos entrar depois de acordar a amiga que tinha ficado dormindo, mesmo porque se ela estivesse junto seria outro problema muito maior - onde conseguir um lugar para dormir na cidade lotada, às 5 da manhã?

No day after, depois de muita batalha, Jameson surgiu. Ficou com dó das três garotas trancadas - modo de dizer, não tínhamos chave, lembrem-se - perdendo a praia. Esse dó, diga-se de passagem, pouco adiantou. Entre idas e vindas para tirar o miolo, levar para fazer as cópias, atender outros desesperados por motivo similar e alguns compromissos extras que não imagino quais sejam só conseguimos resolver a questão depois das 5 da tarde.

Como ele tinha passado praticamente o dia inteiro conosco já era quase íntimo, tanto que a amiga da bolsa da chave ficava rodeando e conversando. Curiosa pelas tatuagens, foi perguntar o que eram e Jameson, prestativo, tirou a camiseta para que ela pudesse ver melhor. Além de um corpo saradão, Jameson tinha várias atrações espalhadas por ele, entre eles um enorme Pateta, bem mais maneiro do que o bobão do Walt Disney, pois era hip hop.

A irmã da dona da casa, fiel ao espírito carioca de paranóia de violência, achou nessa altura do campeonato que ele viria voltar para assaltar a casa, um apartamento no 7º andar com porteiro e elevador, aquele prometido para a Aurora do samba. A argumentação é que serralheiro é profissão de ex-presidiário, pois eles sabem abrir portas e maçanetas. Já nós duas botamos fé no Jameson, e parece que com razão, pois até hoje o Pateta hip hop nunca mais foi visto por aquelas bandas.

Anabel Serranegra aconselha que quem nunca provou uma dose de Jameson a correr atrás do prejuízo


Nota do Editor: Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra.

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