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Crônicas
17/03/2007 - 07h00
O erro exposto
Rosana Hermann
 

Gostar, ninguém gosta. Mas como errar é humano, todo mundo erra. O problema não está em cometer o equívoco mas na forma de lidar com ele depois que o erro já aconteceu. Tem gente que não liga. Tem gente, que ataca. Aconteceu comigo há poucos dias e, confesso, fiquei assustada com a reação da pessoa, tão agressiva que deu medir o tamanho do seu orgulho. Talvez, o que tenha me assustado de verdade tenha sido o fato de encontrar alguém mais orgulhoso do que eu.

A breve e intensa história começou com um gentil e-mail que recebi, com o link para uma coluna na Internet, elogiando uma matéria do Pânico na TV sobre a visita de Bush ao Brasil. Fui ler e levei um susto. O título da matéria era ’Silvo e Vesgo os melhores repórteres do Brasil’. Estranhei, porque a leitora disse que era sobre a visita de Bush ao Brasil e a dupla não fez a matéria.

Li o texto completo e fiquei surpresa. Porque a matéria foi feita por três outras pessoas, Carlinhos de Lula, Carioca de Jefferson e Vinícius de Enéas. As perguntas descritas no texto foram feitas por eles três e não por Vesgo e Silvio. E no entanto, estava escrito "Silvio perguntou", "Vesgo perguntou" etc.

Estou acostumada a ouvir comentários de telespectadores que confundem as pessoas. Freqüentemente mostramos populares que acham que somos do Casseta e Planeta. É engraçado. Mas quando um profissional que publica um artigo num site na Internet descreve algo que não aconteceu, que não viu, é hora de parar e pensar.

Para responder ao autor, procurei a matéria completa no YouTube e passei os links para ele. Expliquei o ocorrido e minha surpresa. Em seguida, sem o nome dele, mas com o link da coluna, publiquei um post no meu blog comentando o ocorrido. Esse foi o meu erro.

Como a coluna dele era pública e aberta, comentei no blog o engano. Mesmo sem colocar seu nome, postei o link. Alguns leitores foram lá e comentaram. Nenhum foi publicado.

Pela manhã recebi a resposta. O autor estava magoadíssimo, ferido em seu orgulho pessoal. Apontou um erro de digitação da minha mensagem para provar que não é o único que erra. Eu já sabia. Perguntou se o elogio não tinha sido suficiente. Depois, escreveu frases recheadas de negativas. Disse que não vai mais assistir ao programa, não vai mais comentar, não vai mais elogiar e disse para que eu não escrevesse mais para ele. Dava quase para ouvi-lo batendo o pezinho e ficando emburrado no canto, como fazem os meninos magoados.

Respondi mesmo assim. E disse que os elogios não bastavam, não especialmente quando se elogia as pessoas erradas, o que causou um duplo mal-estar. Os que realmente fizeram a matéria ficaram chateados porque viram o trabalho creditado a outros companheiros. E os elogiados que não fizeram a matéria também ficaram indignados e, talvez, feridos também em seu orgulho. É chato ser elogiado por algo que você não fez.

O episódio inteiro me fez refletir sobre erros e acertos. O colunista errou feio ao descrever cenas que não viu e estão no YouTube para provar. Eu, errei no texto do e-mail ao não proporcionar nenhum conforto para o autor, deixando-o acuado no canto. Errei ao publicar o post no blog, de forma aberta, ainda que sem seu nome, mas com o link. Errei no tom, errei ao entrar em contato direto com ele em meu nome. Nesses casos é sempre bom fazer as coisas de forma mais oficial. Mandar e-mails mais formais, com cópia, para não ficar no tête-à-tête. Errei ao responder novamente e, ao que tudo indica, estou errando novamente ao escrever este texto e revivendo este assunto.

Sei que estou errada, mas não posso evitar. É como se eu tivesse que passar por este erro para aprender alguma coisa que não aprendi ainda. Coisas simples como ser mais delicada, mais gentil, menos passional, menos orgulhosa.

Há tanta coisa para aprender. E para isso, precisamos de todos. Até dos erros de todos. Porque é o erro alheio que, em geral, nos aponta o caminha certo a seguir.

O importante não é errar, mas aprender a lidar com os erros. Os alheios e os próprios.


Nota do Editor: Rosana Hermann é Mestre em Física Nuclear pela USP de formação, escriba de profissão, humorista por vocação, blogueira por opção e, mediante pagamento, apresentadora de televisão.

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