Brasil, país tropical com alto índice de câncer de pele. Os tumores de pele representam 25% de todos os cânceres no país. Os malignos (os melanomas) têm prevalência de 5% a 7% enquanto os benignos (os não melanomas) apresentam incidência de 70 a 80% dos casos O câncer da pele é fruto de formações tumoraes determinadas por crescimento não controlado de tecido novo, ou seja, o crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Estas células se dispõem formando camadas e, dependendo da camada afetada, formam-se diferentes tipos de câncer. Os não melanomas são os benignos e caracterizam-se pelo crescimento lento, expansivo, pela ausência de micoses ativas, anaplasias celulares e metástases (multiplicações). Os mais perigosos são os melanomas, conhecidos como malignos, que são anaplásicos, infiltram e destroem o tecido normal e crescem rapidamente com presença de mitoses atípicas e têm capacidade de metástase. Portanto, o diagnóstico e o tratamento precoce é a maneira mais segura de cura. A inadequada exposição solar é principal responsável pelo surgimento do câncer de pele, mas a hereditariedade, quando existente, é fator relevante e requer cuidado. Segundo a dermatologista Drª Vera Rebelo, a melhor forma de prevenção é o uso adequado de protetores solares que devem ser aplicados 30 minutos antes do início da exposição solar, 30 minutos após o início do banho de sol e reaplicados a cada duas horas. A dose de aplicação preconizada é de 2 mg por cm, porém, isso significa que um adulto necessitaria por aplicação de 30 mg para cobrir o corpo todo, ou seja, o uso de um frasco a cada dois dias, o que, muitas vezes, dificulta o uso correto. Em busca do corpo bronzeado que, aliás, faz parte da cultura nacional, pessoas impossibilitadas de manter uma exposição solar constante, seja na praia ou no campo, recorrem ao bronzeamento artificial, uma prática que pode ser um agravante ao desenvolvimento da doença, principalmente no Brasil, onde o câncer de pele é responsável por cerca de 25 % de todos os tumores. Tanto que, segundo a especialista, a Comissão Européia solicitou às autoridades, aos fabricantes e aos salões de bronzeamento que incluíssem nas máquinas instruções adequadas aos usuários, para que, principalmente, o grupo de risco para desenvolvimento de câncer de pele (pessoas com pele clara, sardas ou manchas, com tendências a sofrer queimaduras solares ou que tenham histórico familiar de melanoma) e de melanoma ocular ficassem esclarecidos sobre os possíveis danos causados pelo bronzeamento por raios ultravioletas. "A Comissão Européia, tenta ainda, diminuir o nível máximo de radiação das máquinas de bronzeamento e também limitar o uso dessas câmaras a indivíduos maiores de 18 anos", esclarece a dermatologista. Há tipos de pele mais propensos ao desenvolvimento da doença? De acordo com recentes publicações norte-americanas, a pele humana pode ser classificada em 16 categorias incluindo hidratação, resistência, pigmentação e propensão a rugas, mas a fotoproteção aponta para ações contra a radiação solar em praticamente todos os tipos de pele. Indivíduos da raça negra já são protegidos naturalmente pela alta produção de melanina, mas as peles mais claras exigem maior rigor na fotoproteção. "Por isso, devemos sempre particularizar cada pele quanto à cor e ao tipo (seca, oleosa ou normal) para indicarmos o fator do protetor solar mais adequado" explica a especialista. Vale destacar também que atividades esportivas, que exponham o atleta diariamente ao sol, requerem dos praticantes mais rigor com a fotoproteção e acompanhamento dermatológico freqüente de lesões sugestivas de comprometimento cutâneo. Quais são os tipos de câncer e como podem ser diagnosticados? Os melanomas, cânceres malignos, podem manifestar-se em qualquer parte do corpo, os não melanomas, do tipo benigno, geralmente afetam áreas da cabeça, pescoço, braços e, com menos freqüência, o abdômen, dorso e as pernas. A regra diagnóstica do ABCD (Assimetria, Borda, Cor e Diâmetro) é o método mais rápido e fácil para identificação de transformação maligna de lesões pigmentadas. Quanto mais simétrica e delimitada, se houver a presença de apenas uma cor e se o tamanho for menor que 0,6 cm, há mais chances de a lesão ser benigna. No entanto, como toda a regra tem exceção, há outras ferramentas como a dermatoscopia, análise de lesões pigmentadas por meio de uma lente de aumento, que oferecem um bom resultado para o diagnóstico. De acordo com a Dra. Vera Rebelo, atualmente estão sendo avaliadas outras técnicas de diagnóstico, como a utilização de substâncias absorvidas por células em proliferação, que podem ser identificadas por uma luz especial, e a microscopia confocal, que se baseia na identificação e análise da arquitetura celular. Quais são os tipos de tratamento? Em geral, o tratamento é baseado em remoção cirúrgica da lesão e análise histopatológica das margens do tecido ressecado. Os métodos cirúrgicos incluem a ressecção tradicional, ou seja, técnicas que utilizam nitrogênio líquido, bisturi elétrico, raspagem com instrumentais cortantes, entre outros. Nos casos de melanoma a lesão deve ser totalmente removida com margem de até 2 cm. Para outros tumores superficiais não melanoma pode-se utilizar a terapia fotodinâmica, que utiliza agentes fotossensibilizanters, luz e oxigênio para induzir a morte das células cancerígenas. É fundamental destacar que o não tratamento de lesões não invasivas leva a um aumento de crescimento da ferida sendo necessária uma ressecção de maior tamanho. Quanto ao não tratamento de tumores invasivos, há um aumento da incidência de metástases, tornando-os mais letais. Quanto ao Hospital San Paolo, é preciso ressaltar que a equipe médica composta por dermatologistas, cirurgiões e oncologistas encontra-se tecnicamente capacitada para o diagnóstico e acompanhamento dos pacientes. "Mas é importante insistir na seriedade da fotoproteção como forma de prevenção de câncer de pele e, em caso de incidência, a necessidade de aumentar as chances de cura dos pacientes por meio do diagnóstico precoce das lesões", conclui Dra. Vera Rebelo.
|