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SEÇÃO
Crônicas
22/03/2007 - 12h12
Banalização do compromisso
Helena Sut - Agência Carta Maior
 

O menino aproximou-se tímido e, quase sem palavras, entregou uma aliança de compromisso. Uma revelação anunciada nos cantos da turminha do ensino fundamental. A menina sorriu como se ganhasse um troféu. Colocou o anel no dedo e, também sem palavras, correu para o grupo de amigas que testemunharam a declaração do infante apaixonado para se glorificar da conquista.

O coração da pequena de dez anos batia por outro, mas suas mãos ostentaram o pacto com o amor revelado, a rendição diante da valentia do pretendente. Ele não chegava a ser exatamente interessante, mas estava interessado. O namoro desenvolveu-se como são as primeiras impressões, distantes da realidade, ela valia-se de ser objeto do desejo do outro, ele gabava-se de já ser compromissado com uma das meninas bonitas da sala.

Alguns meses e o preterido deixou a timidez e lançou mão da mesma estratégia do adversário. Comprou um par de anéis de compromisso e, sem tomar conhecimento do brilho no dedo da menina, entregou sua confissão amorosa embrulhada num requintado estojo para artefatos de prata.

Alguma palpitação. A menina sorriu e sem constrangimento algum desnudou o dedo da primeira aliança e vestiu-se com o compromisso da segunda. Guardou o anel sem significado na mochila diante do olhar de todos e ostentou o novo brilho nas mãos como se houvesse vencido um novo campeonato.

O namorado desprezado ainda tentou reaver o anel. Quem sabe uma nova investida? Existiam outras meninas disponíveis na sala... Mas a pequena recusou-se a entregá-lo afirmando que "deu está dado". Ele conformou-se e, após alguns dias, presenteou a próxima da lista com um anel similar.

Compromisso... A palavra perde o significado encerrada num guarda-jóias cheio de alianças abandonadas. As inquietações com a descoberta do amor, as dúvidas e as certezas são mascaradas como objetos. Quando crescer, provavelmente, a menina trocará de amores com a facilidade de quem troca de alianças. Se acomodará aos novos formatos sem se incomodar com a representação dos sentimentos. Guardará uma infinidade de relações, mas terá a alma vazia, pois não aprendeu a amar. Não conhecerá o respeito e a empatia, não se importará com os sentimentos alheios. Será sempre receptiva, mas nunca honesta. Usará as palavras sem interpretá-las, aceitará as relações sem reconhecer as promessas porque não conseguirá incorporar o elo das verdadeiras entregas.

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