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COLUNISTA
Sidney Borges
20/07/2004 - 19h33
Auto-estima
 
 

Juvenal Ascêncio Paixão constitui um exemplo de cidadão que poderia ser usado para ilustrar a campanha do presidente Lula que pretende resgatar a auto-estima dos brasileiros.

Desde pequeno Juvenal foi um lutador. Com inegável talento para o futebol corria atrás da fama nos campos de várzea. Todos diziam que seu único defeito era avançar olhando para o chão.

Foi assim que num estádio de periferia Juvenal não percebeu que o campo acabara, a linha estava apagada. Ele continuou correndo firme, embora todos gritassem para que parasse.

Em vão, a determinação do cumprimento do dever impeliu-o a continuar e, a ao atravessar a linha férrea, foi colhido pelo cargueiro das 18h30. Juvenal perdeu uma perna e assim acabou o sonho de tornar-se jogador de futebol.

Nem pensem que ele desistiu, depois de colocar uma prótese continuou a vontade de praticar esportes. Juvenal encontrou no surf a realização.

Dentro de pouco tempo ficou conhecido como o rei dos tubos, arrancando aplausos das multidões que se acotovelavam nas praias para ver as exibições de mestre. Tudo ia bem até que naquela tarde no Recife um tubarão abocanhou a perna.

Infelizmente a que não tinha prótese.

Quis o destino que Juvenal ficasse sem as duas pernas, os esportes pareciam ter sido riscados do caderno de possibilidades.

Engana-se quem pensar assim.

Em alguns meses Juvenal passou a ser um dos mais destacados atiradores do Brasil. Sua lendária pontaria ficou registrada para sempre nos anais do esporte, em Moscou ele marcou 100 pontos em 100 pontos possíveis. Um recorde histórico que jamais será igualado.

A vida seguiu seu curso com as terças-feiras seguindo-se às segundas, sem haver alternância, Juvenal continuava praticando tiro ao alvo além de ser um conceituado advogado, com uma banca das mais concorridas da cidade.

Certo dia, um taxista bêbado subiu na calçada e atingiu em cheio a cadeira de rodas do nosso herói. Foi-se um braço, o esquerdo.

Juvenal, por sorte não era canhoto.

Sem um braço não foi mais possível atirar, ele então se dedicou ao xadrez, alcançando a condição de grande mestre em cinco anos. Suas memoráveis partidas ombreavam-se em criatividade às do mestre Capablanca.

Um sacrifício de rainha e o posterior mate de cavalo e torre na final do torneio de Monte Carlo tornaram-no a sensação mundial do xadrez.

A imprensa especializada afirmava que Juvenal Ascêncio Paixão seria o próximo campeão mundial da modalidade. Seria se não tivesse caído o avião no qual ele viajava de Moscou para Helsinque. Juvenal foi um dos sobreviventes. Por mais que se esforçassem os médicos não conseguiram salvar o braço restante.

Aqui uma pausa para o leitor respirar.

Depois de recuperar-se, Juvenal, agora conhecido como "o homem tronco lutador que nunca esmorece" continuou dedicando-se às atividades esportivas, tendo vencido o torneio de cuspidas de caroços de melancia do Oregon.

Além disso, ele toca bateria com as sobrancelhas, enquanto sopra uma gaita de boca em solos memoráveis de jazz.

É por isso que o presidente Lula tem razão ao afirmar que os brasileiros não devem perder as esperanças e manter alta a auto-estima.

Sigam o exemplo de Juvenal, cortem as pernas e os braços e apesar de tudo sejam felizes.

Lula continua falando!


Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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