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Crônicas
26/03/2007 - 16h05
Academias
João Soares Neto - Agência Carta Maior
 

Há uma falsa idéia sobre as academias de letras. Alguns pensam que as academias são meros repositórios de vaidades que se comprazem apenas em realizar convescotes que não chegam a lugar nenhum em termos de conseqüência e sintonia com as carências culturais do povo. São, via de regra, criticadas pelos que a não conhecem, tal como na fábula de Esopo, A Raposa e as uvas.

As academias têm sim, pessoas vaidosas, mas não são a maioria. Os escritores e poetas são pessoas que precisam do olho do outro, do reconhecimento do que escrevem em prosa e verso, são sempre seres em mutação constante.

As academias são entidades do bem, nada ali é feito que não objetive o crescimento cultural, mesmo que esse crescimento não se dissemine por todas as camadas e pessoas, pois são, com a exceção da Academia Brasileira de Letras, carentes de recursos financeiros e ainda não estão modernizadas do ponto de vista de gestão, pois é difícil a liderança horizontal onde todos os pares têm o mesmo direito e não é alta a presença nos eventos.

Elas remontam ao Século IV antes de Cristo, mas só foram consolidadas na era moderna, com a Academia Francesa criada em 1635, pelo Cardeal Richelieu, à época do Rei Luiz XIII. Em Portugal foram criadas academias no século XVII: a dos Generosos, em 1647 e a dos Singulares, em 1663, ambas logo fechadas. Depois, vieram outras, mas a Academia Real das Ciências de Lisboa só foi criada em 1779 e perdura até hoje. Aqui no Brasil-Colônia, criou-se na Bahia, em 1724, a Academia Brasílica dos Esquecidos, que incluía intelectuais nacionais excluídos pela pátria-mãe.

No Rio, em 1736, surge a Academia dos Felizes, e a dos Seletos, em 1752. Alvarenga Peixoto e Basílio da Gama fundaram, em 1769, a Arcádia Ultramarina. Mas, só foi em 1897, nas pessoas de intelectuais como Machado de Assis, José Veríssimo e Rui Barbosa, que surge a Academia Brasileira de Letras, como uma reprodução da Academia Francesa.

Acadêmicos não são arautos do saber, são seres com sede de conhecimento, não importando a natureza e a motivação pessoal, mas o saber que cada um possa produzir, como agente transformador, cria vales fecundos de inquietações e de contraditórios literários. A placidez não combina com o crescimento cultural.

O grande desafio das academias, segundo alguns acadêmicos e críticos, parece ser chegado o tempo de modificar o processo que predomina na escolha de candidatos, dotá-las de estatutos e regimentos que o modifique, injetar recursos pela criatividade, leis e incentivos de cultura e o período de eleição de novos membros. Como a maioria das academias tem 40 membros, seria, quem sabe, melhor escolher 40 substitutos por mérito, efetivados por antiguidade, após a morte dos efetivos, sem o constrangimento atual da procura de votos logo após a passamento de um de seus componentes.

As academias, por sua natureza, têm, via de regra, o bom senso e o equilíbrio de não compactuar com a falsa cultura, midiática, decantada por interesse, subserviência ou ignorância. Elas permanecem, quase sempre, altivas na sua independência, simples no que fazem e perseverantes na ação doutrinadora e incompreendida de disseminar a cultura.

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