Não é exagero afirmar que o mercado de trabalho para os jovens está ficando cada vez mais reduzido, tais são a escassez de vagas e as exigências cada vez maiores para obter uma boa colocação. Um retrato deste cenário encontra-se na pesquisa "Situação do jovem no mercado de trabalho no Brasil: um balanço dos últimos 10 anos", do economista Mário Pochmann, da Unicamp. Entre outros dados alarmantes, a pesquisa revela que um em cada dois brasileiros desempregados tem entre 15 e 24 anos de idade. À constatação de que esta faixa etária foi mais afetada pela escassez de novos postos de trabalho, é inevitável acrescer a seguinte pergunta: por quê? Há, é fato, uma série de explicações plausíveis, mas uma delas certamente diz respeito à preferência por pessoas com experiência, em detrimento dos mais novos, que normalmente buscam uma colocação profissional com o objetivo de alcançar o próprio sustento, mas também de aprender. Com a limitação das oportunidades, é natural que as exigências sejam maiores. Neste contexto, trabalhadores com formação adequada tendem a levar vantagem sobre aqueles que ainda estão se especializando. Os jovens, atesta o estudo, ocuparam apenas 10,4% das vagas criadas entre 1995 e 2005. Pior: apenas 45% das pessoas nessa faixa etária conseguiram arrumar uma ocupação; os demais ficam desempregados ou são obrigados a partir para a informalidade. Se o funil é assim tão estreito, não resta outra alternativa: o jovem precisa buscar uma especialização, algo que o torne diferente no mercado de trabalho. Seja qual for o diferencial no currículo - e isso vai depender da área de atividade -, certamente é o que pode permitir o ingresso no mercado de trabalho. Resta agora discutir o que poderia ser essa especialização. A gama de opções é variada, e abrange itens tão díspares quando pós-graduação no exterior (um luxo para pouquíssimos), faculdade (ainda inacessível a uma parcela considerável da população economicamente ativa) e cursos profissionalizantes de curta duração. Cabe observar, neste último caso, que os cursos profissionalizantes não se prestam apenas à qualificação, mas também, como o próprio nome diz, à função de direcionar o jovem para uma atividade profissional. Levando em conta o perfil da imensa maioria da população brasileira, esta seria uma alternativa viável para a entrada no mercado de trabalho, à medida que fornece o conhecimento aplicável, normalmente focado em determinadas habilidades e competências. Mais do que um professoral "eu sei", os cursos profissionalizantes trazem a perspectiva do prático "eu sei fazer", algo que vai ao encontro do que buscam as empresas: alguém que seja capaz de ser contratado hoje já sabendo o que, como e quando fazer. Por fim, é necessário ressaltar que a escolha de um curso adequado aos objetivos de cada pessoa e às necessidades do segmento pode até representar um passaporte para o mercado de trabalho, mas não é a garantia de sucesso profissional ad eternun. Para construir uma carreira de sucesso, vale seguir o mesmo princípio: a (constante) especialização faz a diferença. Nota do Editor: Wilson Roberto Giustino (wilson@cebrac.com.br) é presidente do CEBRAC (Centro Brasileiro de Cursos).
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