Vale lembrar o velho ditado: "Tudo na vida tem seu preço". Pois é, o comportamento também! Podemos dizer que o nosso comportamento é formado pelo conjunto de atitudes que comandam a nossa vida e nossas reações diante dos fatos que vivenciamos; está de acordo com a experiência de cada um, de maneira bastante individualizada, porque processamos os fatos usando características próprias e também herdadas de nossos pais.

Muitas vezes nossas reações acontecem de forma automática, facilitando o trabalho do nosso cérebro, já que seria muito complicado se todas as vezes que necessitássemos de alguma reação precisássemos raciocinar pausadamente sobre quais atitudes tomar frente às coisas que acontecem no dia-a-dia.

Desse modo, mantemos nosso comportamento repleto de atitudes automáticas. Algumas muito boas e necessárias. Outras não tão boas, que trazem prejuízos para nós ou para outros com quem convivemos. Às vezes reclamamos de coisas que nos acontecem, de reações indesejáveis de outras pessoas, ou do rumo que nossa vida está tomando. Mas não paramos para pensar que, com muita freqüência, esses fatos são conseqüências do nosso comportamento.

Nosso comportamento tem um preço, e precisamos entender se queremos ou não pagar o preço conseqüente da nossa atitude perante a vida. Não adianta só reclamar. No meio das tantas faces do nosso comportamento podemos encontrar coisas que estão em muito nos prejudicando: compulsões, reações de agressividade, medos descabidos, sentimento de culpa sem sentido, baixa auto-estima, manias e tantas outras características que podem estar presentes nos impedindo de viver melhor. Por outro lado, se entendemos que algumas coisas em nosso temperamento nos são úteis e importantes, que possamos então assumir as conseqüências e não reclamar. Mas se nos sentimos incomodados com nossa vida, com nossos sentimentos, com as atitudes dos outros em relação a nós; é preciso agir de forma mais positiva na direção daquilo que queremos para nós mesmos.

Precisamos entender que temos esse direito e que podemos mudar, ou mesmo procurar ajuda profissional para que isso aconteça. Se achamos lógico tratarmos do nosso coração, do nosso pulmão, do nosso aparelho digestivo e de tantos outros órgãos e partes do nosso corpo quando adoecem e nos incomodam; porque não tratamos também o nosso comportamento, se nele encontramos coisas que prejudicam a nossa vida, o nosso conforto vital?

Nessa busca do que precisamos mudar, do que nos incomoda, nos deparamos com alguns transtornos comportamentais. O tratamento adequado dos mesmos pode nos trazer imenso alívio e satisfação. Vale lembrar a tríade imperativa que diz: conhece-te, aceita-te e supera-te. Muitas das vezes o que mais nos atrapalha não são os fatos, mas sim a maneira com a qual reagimos a eles.

Nota do Editor: Elson Mota é médico, psiquiatra e terapeuta.