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Opinião
31/03/2007 - 05h26
Bush visita o futuro
Miguel Ignatios
 

O recente giro do presidente Bush por países da América Latina, inclusive o Brasil, deve ser entendido como uma antevisão do futuro próximo. Em outras palavras, trata-se, para os republicanos, de diminuir a vantagem que, hoje, os democratas têm. Se as eleições americanas fossem realizadas neste ano (elas ocorrerão em novembro de 2008), dificilmente os democratas deixariam de eleger o sucessor de Bush.

Fora do contexto da política interna americana, a viagem de Bush pela América Latina também pode ser vista como antevisão do futuro caótico, que aguarda a humanidade, em razão do aquecimento global, do efeito estufa e do derretimento de glaciares, localizados nos pólos Norte (Groenlândia) e Sul (Antártida), que já elevou o nível médio de mares e oceanos em 3,5 centímetros. E isso em apenas uma década.

Para o leitor entender melhor: apesar de os Estados Unidos terem ignorado, olimpicamente, as determinações do Protocolo de Kyoto, que prevê a redução das emissões de gases poluentes, o fenômeno Al Gore - o vice de Clinton, que perdeu a eleição para Bush, no ano 2000, - colocou, de forma definitiva, a necessidade de deter o aquecimento global, no imaginário popular americano.

Mais do que isso: Al Gore, com sua cruzada a favor da ecologia, roubou a cena americana e mundial e conseguiu a proeza de fazer com que nada menos do que 26 Estados americanos, governados por democratas e republicanos, aderissem, na prática, ao Protocolo de Kyoto.

Até mesmo, na recente e badalada festa de entrega do Oscar, o ex-vice de Bill Clinton brilhou mais do que diretores, roteiristas, atrizes e astros, com o seu documentário "Uma Verdade Inconveniente", em cartaz, em São Paulo.

Al Gore é extremamente lúcido. Ele sabe que os Estados Unidos têm três décadas, se tanto, para reciclar a atual capacidade tecnológica americana, voltada essencialmente para assegurar a hegemonia bélica do planeta, em benefício da natureza. Se isso não for feito, muito mais cedo do que se imagina, ela virá a fazer parte de um futuro Museu da Sucata Tecnológica do Século 20.

Tal lucidez incomoda profundamente Bush e o Partido Republicano. Acrescente-se a isso o fato de os democratas já contarem com a maioria da Câmara de Deputados. Ou seja, Bush tem menos de dois anos para tentar uma saída honrosa do Iraque e fazer algo a favor do meio ambiente do seu país.

É aí que entram o etanol, o biodiesel e as outras fontes de energia alternativa (eólica, solar, hidráulica, das marés). Elas, em conjunto, não substituirão o petróleo e o gás, mas constituir-se-ão em excelentes opções para diminuir a poluição do planeta até que as tecnologias do hidrogênio e da fusão nuclear estejam disponíveis em escala comercial.

Claro, há também, além disso, a necessidade de confrontar, em âmbito latino-americano, e até mesmo mundial, a incômoda e crescente diplomacia agressiva do governo de Hugo Chávez, baseada em retórica megalomaníaca, e na oferta de petróleo barato a países que hostilizem os Estados Unidos.

Em resumo, pode-se dizer que Bush está empenhado em salvar do incêndio global (a emissão de gases poluentes e o aquecimento do planeta) a árvore americana, enquanto que Al Gore quer evitar que a floresta (o planeta) venha a ser destruído. São duas visões antagônicas.

A do presidente americano pressupõe que, tomadas algumas medidas tópicas, para conter o aquecimento global, a hegemonia americana volte a se impor naturalmente.

Por sua vez, a de Al Gore introduz uma consciência planetária da humanidade, acima de hegemonias e de disputas geopolíticas, ideológicas, econômicas e comerciais.

Países emergentes que não têm armas atômicas, como Brasil, México, África do Sul e Indonésia, dentre outros, ganharão, ao longo das próximas décadas, importância cada vez maior, se a visão de Al Gore se impuser à de Bush.

Se isso vier a ocorrer, poderemos ter, em curto espaço de tempo, um Conselho de Segurança da ONU, composto menos por potências nucleares e mais por países que apliquem suas tecnologias na harmonização do desenvolvimento econômico com o respeito à natureza.

Até que essa questão seja resolvida, o Brasil pode ganhar e muito com a venda do etanol e do biodiesel aos Estados Unidos e à União Européia, apesar das sobretaxas de ambos.


Nota do Editor: Miguel Ignatios é presidente da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB).

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