Gestão de saúde
Em um país onde depender do sistema público de saúde significa enfrentar filas em busca de atendimentos médicos e leitos hospitalares, discutir a gestão nessa área é colocar a vida como prioridade. Preferência identificada pelo IBGE como unânime entre os brasileiros: 43% apontaram a saúde como a questão mais importante. Mas esse "bem" se tornou de consumo, acessível a apenas alguns segmentos. Variantes como o PIB e a alta taxa de juros, reduziram o poder de compra de uma sociedade onde 40 milhões de pessoas optam pela saúde suplementar. O modelo adotado no Brasil segue o norte-americano e, ao contrário de países como Chile e Espanha, voltados para a qualidade de seus planos, trata o sistema de saúde como empresa. Ao impor altas taxas tributárias, estimula o consumismo dentro de um setor que nem o Estado consegue manter satisfatoriamente. O resultado incide nas mensalidades, dificultando ainda mais o acesso ao atendimento. Ciente disso, o poder legislativo criou em 1998 a Lei Nº 9656 para regulamentar o setor, eliminando planos irregulares. Porém, uma série de medidas provisórias do Estado, fez com que poucos dos pareceres originais fossem mantidos. Em 2000, foi criada a Agência Nacional de Saúde Suplementar para defender as necessidades dos consumidores. Vinculada ao Ministério da Saúde, arrecada R$ 1 de cada mensalidade. Porém as operadoras continuaram sem nenhum órgão específico e com o distorcido modelo da ANS. Sofrem ajustes em desarmonia com o aumento dos custos médicos e, para manter os clientes, investem na gestão por competência, administrando os recursos e diversificando serviços. O incremento das opções de planos têm sido a saída para oferecer saúde em doses que cabem no orçamento. O desafio dessa ginástica forçada pelo aperto fiscal é manter a qualidade dos profissionais e dos estabelecimentos, quesito também de relevância para o Estado, que prima pelo bem comum. Assim como o Sistema Único de Saúde, a saúde suplementar precisa estar entre as reivindicações da comunidade. Não há interesse que as filas de espera diminuam não por eficiência e sim por negligência. Nota do Editor: Dr. Mauro Medeiros Borges é vice-presidente da Unimed Porto Alegre.
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