O tempo passa rápido, e já completa um ano que estive internado mais de duas semanas no Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgar Santos, em Salvador, também conhecido como "Hospital das Clínicas", e lá fui submetido à intervenção cirúrgica de coração, culminando com a colocação de uma válvula artificial metálica, em troca de uma original velha de guerra estenosada! Mas, antes da troca de válvula fui submetido a um cateterismo, e fiquei de repouso compulsório três dias na mesma enfermaria do coração. E foi lá que, ao entardecer de um dos dias, conheci Tereza, servente de uma terceirizada, responsável pela manutenção da limpeza daquele setor hospitalar. Tereza, mulher negra, vivida, sofrida, moradora de subúrbio, assalariada, sorridente, bonita e linda, para mais de cinqüenta anos de idade. Ela não deixou por menos quando me viu na varanda, sentado à vontade, com os pés no chão. Aproximou-se com cara de desaprovação, fez um "hum hum" e com voz firme me disse: "Deste jeito vou lhe enquadrar", e pediu que eu calçasse o par de chinelo, e complementou com uma "palestra" sobre riscos hospitalares, germes, bactérias e tudo mais que no chão possa existir. Sinto-me grato pelo "sabão" que Tereza me passou. Afinal, ela mostrou zelo por minha saúde. Ela não é enfermeira e nem médica, por que razão tanta preocupação se os pacientes estão ou não cumprindo regras hospitalares? Penso que ela é aquela que outras pessoas deveriam ser; conselheiras do bem. E, estando em Salvador para a revisão médica pós-operatória de um ano, eu que moro na distante Guanambi, fui às carreiras procurar: "- Cadê Tereza?" Um bom hospital, digo como paciente, não será medido pela beleza externa, paredes bem pintadas e vasos de flores artificiais decorando. Fazem parte a beleza e a modernidade, mas o conteúdo de humanização e excelência são os principais, e faz com que o Complexo HUPES seja, na visão deste jornalista crítico, um dos melhores do Mundo! Por que não?! Assim, quero, mais uma vez, render meus agradecimentos à direção, que tanto luta contra a falta de verba, à equipe médica que vence desafios, ao corpo de enfermagem que lida com o paciente como um amigo de muito tempo, e a todos que sorriem pelos corredores, igual Tereza. Todos dando confiança a todos que ali vão buscar prolongamento de vida. E se alguém nunca ouviu falar em Saudades de Hospital, saiba que eu tenho saudades! Nota do Editor: Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, residente em Guanambi, Bahia, onde edita o jornal Vanguarda, e esteve internado no HUPES em setembro de 2005 onde foi submetido a uma operação no coração.
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