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SEÇÃO
Crônicas
05/04/2007 - 18h07
Mas que inferno!
Artur de Carvalho - Agência Carta Maior
 

O engraçado é que quase ninguém reparou. Com esse negócio de ter uns invernos de vez em quando, uns outonos e umas primaveras, os verões propriamente ditos ficam mais ou menos distantes uns dos outros, então a gente nem percebeu como é que as coisas estavam esquentando depressa.

Primeiro, foram as comidas. As frutas nos pés começaram a amadurecer mais cedo, e os alfaces murchavam antes de serem colhidos. E estocar os alimentos em casa começou a ficar cada vez mais difícil, já que não cabia tudo na geladeira. Uma vez cheguei em casa lá pelas seis da tarde e fui esquentar o almoço, que a gente tinha deixado em cima do fogão. E subiu aquele cheirão de estragado.

- Pombas, mas essa comida só ficou fora da geladeira umas quatro horas, como é que pode?

Então, a gente teve que se acostumar a guardar a comida na geladeira assim que acabava de comer porque, senão, estragava tudo. O tempo estava meio abafado mesmo, diziam, isso acontece.

Depois, foram os carros. A gente deixava os carros na rua para ir trabalhar, e quando voltava não dava nem para encostar na direção. A mão chegava a queimar. Tudo bem, começamos a procurar sombras de árvores para estacionar nossos carros, mas as sombras andavam meio escassas ultimamente, especialmente as das árvores. Era uma árvore aqui, outra ali, e todas já devidamente ocupadas com seus carros estacionados embaixo. Mas, com o tempo, nem os carros que ficavam debaixo das árvores eram poupados do calor. Era deixar o carro ali por dez minutinhos que a direção ficava pegando fogo. Precisaram até mudar o material do qual as direções eram feitas, e elas começaram a ser confeccionadas com um polietileno especial revestido de isopor injetado com isótopos de titânio. Quem não trocava a direção do carro, corria o sério risco de vê-la derretida da próxima vez que precisasse estacionar em algum estacionamento sem ar-condicionado.

Aliás, grande invenção essa: o estacionamento com ar-condicionado. Os estacionamentos foram os últimos a assumir que a vida sem ar-condicionado não era mais suportável. Foi mais ou menos nessa época que o meu avô ficou milionário. Ele investiu pesado na indústria do ar-condicionado, e se tornou um dos homens mais ricos do mundo. Os caras que fabricavam ar-condicionado, nessa época, chegaram a ficar nas dez primeiras posições da lista dos mais ricos do mundo da revista "Forbes". O meu avô chegou a ser o quarto ou quinto da lista, não lembro direito.

E tudo foi muito bem, até que os aparelhos de ar-condicionado começaram a derreter.

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