Agência USP de Notícias - O Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC) da USP de Bauru, mais conhecido como Centrinho, deverá lançar em junho próximo um manual com receitas destinadas a pacientes portadores de disfagia. A nutricionista Suely Prieto de Barros Almeida Peres, uma das autoras do manual, explica que a disfagia “é uma alteração no processo da deglutição ou uma potencial desabilidade em deglutir, com prejuízos na segurança, eficiência e na qualidade de ingerir alimentos.” "Pacientes que têm esse distúrbios podem estar sujeitos à desidratação e à desnutrição pela alimentação inadequada", explica Suely. O manual, que é o primeiro a ser lançado no País, objetiva oferecer uma alimentação palatável, balanceada e adequada às necessidades nutricionais e à consistência indicada. A nutricionista explica que a disfagia pode ser causada por prematuridade; anomalias no trato aerodigestivo; defeitos congênitos da cavidade oral, laringe, traquéia e esôfago; defeitos anatômicos adquiridos; desordens no desenvolvimento neuromotor, dentre outros. "A doença também pode ser resultado de tipos de cânceres na região oral e do pescoço", diz. Esses pacientes necessitam de alimentação com consistências diferenciadas que devem ser recomendadas por profissionais de medicina e fonoaudiologia. "Por isso, o manual será destinado aos profissionais e instituições especializados nos cuidados com essas pessoas", define. Quase 80 receitas As consistências das receitas são baseadas na proposta da ADA 2002, Associação Americana de Disfagia. "A maioria dos portadores de disfagia não pode ingerir alimentos como feijão ou arroz, por exemplo. Em alguns casos, até mesmo líquidos podem ser prejudiciais", alerta Suely. A entidade norte-americana possui uma tabela padronizada em centipoises (cP), medida baseada na viscosidade dos líquidos. O manual baseia-se nas três medidas da ADA: Néctar, que possui de 51 a 350 centipoises (cP); Mel, de 350 a 1.750 cP; e Pudim, acima de 1.750 cP. "Ao todo, são quase 80 receitas distribuídas nas três classificações e todas preparadas com quatro diferentes espessantes industriais, todos encontrados facilmente no Brasil", ressalta Suely. Segundo a nutricionista as receitas são simples, de fácil preparo e com valor nutricional equilibrado. "Além disso, o manual contém dicas interessantes", lembra Suely. Ela explica ainda que, após a indicação da consistência, geralmente feita por médicos e fonoaudiólogos, qualquer pessoa que cuide de um portador de disfagia poderá preparar as receitas sem maiores problemas. Entre os diversos pratos, constam receitas de iogurtes, leites vitaminados, sucos e sobremesas, além de sopas e, até mesmo sorvetes, todos adaptados para portadores de disfagia. "Acreditamos que o manual possa ser uma excelente ferramenta aos profissionais que cuidam destes esses pacientes", acredita Suely. Ela antecipa que, após o lançamento, que acontecerá durante as comemorações dos 40 anos do Centrinho, o manual será disponibilizado também na internet. Além disso, outra nutricionista da equipe do Centrinho, Maria Ines do Val Maringoni Marques, também chefe de cozinha, já trabalha num segundo manual que tratará especificamente de receitas associando a gastronomia à disfagia. Durante dois anos de pesquisas e testes, Suely contou com uma equipe de estudantes e professores, inclusive de outras universidades e com verbas da USP e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Participaram da elaboração do manual Flávia Munhoz Manzano (na época, aluna de graduação da Universidade do Sagrado Coração - USC, de Bauru), Ilza Lazarini Marques (USP), além de Luciano Bruno de Carvalho, doutorando da Unicamp e da professora Rute Mendonça de Moura, da USC. Mais informações: (0**14) 3235-8177, com a professora Suely Prieto de Barros Almeida; e-mail: superes@centrinho.usp.br.
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