Apesar das medidas de prevenção, tão comuns hoje em dia, a Lesão por Esforço Repetitivo ainda mantém um alto índice de casos
Os pés apoiados totalmente no chão. Os ombros relaxados, pulsos retos. E é claro, a coluna ereta. Se enquanto lê essas linhas essa não for a sua posição, você está em risco de desenvolver uma lesão por esforço repetitivo, também conhecida por LER. É considerada uma síndrome dos tempos modernos, tendo um aumento exponencial no número de ocorrências desde que surgiram os computadores. Antigamente a lesão era associada ao trabalho dos escribas, que passavam horas copiando livros. Freqüentemente associada a um esforço repetitivo de digitação, a LER também é conseqüência de tarefas que exigem um esforço repetitivo com o tronco, como em linhas de montagem ou balconistas, ou expostas à vibrações como motoristas. Tocar piano e fazer crochê também são atividades com o risco para LER. Além de algumas tarefas específicas, que exigem repetições, outros fatores podem levar à lesão. Tabagismo e também a falta de exercícios regulares afetam a coluna, aumentando o risco. No Brasil, os casos de LER, ou DORT (Distúrbios Osteo musculares Relacionados ao Trabalho) são as doenças mais freqüentes nas relacionadas ao trabalho. Normalmente a LER desenvolve-se lentamente no organismo. Passando despercebida ao longo de uma vida de trabalho, a lesão é diagnosticada somente quando já está em um estágio avançado, com sério comprometimento da área afetada. "Como está relacionado com a atividade das pessoas, a lesão pode ser entendida como uma espécie de ’acidente’ ocupacional", afirma o especialista. A nomenclatura LER é utilizada para denominar algumas doenças como a tendinite, a tenossinovite ou a bursite. De acordo com o INSS, é a segunda maior causa de afastamento do trabalho. A LER caracteriza-se inicialmente por uma dor localizada durante a atividade causadora da síndrome, além de uma sensação de peso e desconforto. Segundo o especialista Dr. Emiliano Vialle, da Clínica da Coluna Vertebral, ela "pode evoluir, se não for tratada, a uma situação que impede a realização de qualquer atividade que utilize a região afetada, com a presença de uma dor intensa e contínua". Prevenção Diversas empresas aplicam alguma espécie de prevenção da lesão por esforço repetitivo. Campanhas de conscientização e também a chamada ginástica laboral são algumas das ações que procuram evitar o surgimento da LER. Grandes empresas disponibilizam também um profissional de ginástica laboral para os funcionários. São realizados exercícios de alongamento que procuram evitar a formação da LER, já que a digitação intensiva é a maior causa da lesão. Mas apesar dos esforços para combater a lesão, o número de casos vem crescendo. Nos Estados Unidos, em 1998, ocorreram cerca de 650 mil novos casos, a um custo estimado de 15 a 20 bilhões de dólares. Por isso a prevenção tornou-se também uma questão econômica para muitas empresas, apesar de enfrentar ainda preconceito de alguns chefes e também de trabalhadores. Além dos alongamentos, a prevenção da lesão deve contar com uma atenção especial para a ergonomia, ou engenharia humana. "É necessário adaptar os objetos ao corpo humano, e não ao contrário", afirma o Dr. Vialle. Em alguns casos torna-se necessário reprojetar o ambiente do trabalho para eliminar os riscos. Mesas e cadeira adequadas tornam-se cada vez mais fundamentais no ambiente de trabalho. "A cada 25 minutos de digitação, deve-se tomar uma pausa de 5 minutos", completa Dr. Vialle. O monitor deve ficar a uma distância de cerca de 50 a 70 centímetros e não se devem utilizar os pulsos na hora da digitação. "Se os pulsos estiverem apoiados, pode haver a compressão dos nervos, por isso eles devem ficar levemente levantados", completa. Outra dica é não ficar sentado durante todo período de trabalho. O ideal é se movimentar e caminhar um pouco a cada hora de cadeira. A postura também é um dos fatores que deve ser observado. Se estiver sentado, mantenha os pés apoiados no chão. Os ombros devem ficar relaxados, com a coluna ereta apoiada no encosto da cadeira. E os pulsos retos, e levemente levantados.
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