A polícia carioca estourou, na segunda-feira passada, dois abatedouros de aves clandestinas que pintavam frangos de granja com urucum para vendê-los como frangos caipiras que, obviamente, têm preço muito melhor. O urucum, para quem não conhece, é a tintura (extraída da semente de fruto de mesmo nome) que os índios usavam e usam para enfeitar-se em cerimônias e vários rituais. Esse caso da falsificação do frango caipira se parece muito com o que ocorre com as chamadas “milícias” – organizações paramilitares que estão se estabelecendo nas favelas cariocas, a título de protegê-las dos traficantes de drogas. As milícias são integradas por policiais militares, policiais civis, policiais aposentados, bombeiros etc. Gente que tem conhecimento básico do uso de armas e táticas primárias de invasão e ocupação de terrenos. A título de proteger a comunidade dos traficantes, cobram taxas por esse serviço e por outros menos nobres, tais como a instalação de “gatos” da Light (empresa de fornecimento de energia) e da NET (empresa de TV a cabo). O nome disso é roubo. Se não forem contidas, as milícias em muito pouco tempo vão passar a fazer o tráfico de drogas, que é o chamado filet mignon do crime. Já estão elegendo políticos para as câmaras estadual e federal. Na próxima eleição, possivelmente, elegerão um senador. Da PM carioca sabe-se que pelo menos um terço do efetivo está em fase de indiciamento, processo ou julgamento. O processo se assemelha, em muito, ao que ocorreu e ainda ocorre na Colômbia, onde às FARCs (originalmente comunistas, hoje narcotraficantes), se opuseram milícias ditas “de direita” e cujo interesse nas drogas já é conhecido. As milícias do Rio são, na verdade, frangos de granja pintados com urucum. Nota do Editor: Arthur Chagas Diniz é presidente do Instituto Liberal.
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