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Opinião
19/04/2007 - 15h07
Iconoclastia de fraldas
Percival Puggina - MSM
 

"Panta rei" - tudo flui -, afirmava o filósofo Heráclito, no séc. V a.C. Essa antiga idéia, segundo a qual a evolução é regra universal e irrestrita, associada à de que tudo caminha no sentido da perfeição, está muito presente na cultura contemporânea. A maior parte das pessoas acredita piamente nela. Que tudo muda é verdade, não é certo que toda mudança implique evolução e aperfeiçoamento.

No século passado, o evolucionismo recebeu dois importantes reforços através de Herbert Spencer e de Charles Darwin. O primeiro expôs uma teoria segundo a qual a evolução é uma passagem do simples ao complexo, do menos ao mais coerente; o segundo deu-lhe a conhecida dimensão biológica: a sobrevivência e o desenvolvimento dos indivíduos são determinados por sua capacidade evolutiva e de adaptação ao ambiente.

Não consegui localizar o ponto exato em que o evolucionismo se associou à tese do "constante aperfeiçoamento das coisas", mas aconteceu aí um abuso semelhante ao que os modernos relativistas cometeram com a teoria física da relatividade. Assim como o que era físico ganhou uma descabida dimensão "moral" (o relativismo), "mudança" passou a ser sinônimo de "aperfeiçoamento".

E daí? E daí decorre um monte de absurdos. Tudo que é antigo é imperfeito e tudo que é moderno é perfeito; o que muda evolui e o que permanece involui; tudo que se faz hoje supera o que se fazia ontem. Vive-se sob o império da moda: o jovem é bonito e sábio; o velho é feio e burro. Essa curiosa associação de novidade com qualidade produz uma espécie de iconoclastia de fraldas à qual nada antigo resiste.

A começar pelo amor - coisa antiga demais - que se esgota na curtição recíproca, não implica laços e já responde pelo passageiro sinônimo de "cumplicidade"; a prosseguir pelo respeito - elemento indispensável à relação entre as pessoas. Como estabelecer, por exemplo, a supremacia do novo sobre o antigo nas relações entre pais e filhos, entre alunos e professores, entre controladores de vôo e o Ministro da Defesa?

Poucas coisas tão antigas e, portanto, tão "superadas" quanto a instituição familiar. Cometeram-se e se cometem contra ela todas as violências e profanações; afrouxaram-lhe os laços; abriram-na e desoneraram seus membros de maiores deveres; por fim, atribuíram a alguns degenerados a tarefa de orientá-la a distância por canal de TV. Tudo moderno, bom e politicamente corretíssimo. Aliás - quer passar por panaca? - defenda coisas tão indefensáveis quanto religião, família e valores.


Nota do Editor: Percival Puggina é arquiteto, político, escritor e presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública.

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