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Crônicas
21/04/2007 - 12h02
Delírios de um louco
Fábio de Lima
 

Durmo. Acordo. Penso. Durmo. Acordo. Penso. Durmo. Acordo. Penso. Nasço e envelheço humano. Brincando de ser gente eu vivo. As unhas crescem ficando grandes, feias e sujas. Os dedos das minhas mãos não são iguais aos dedos dos meus pés. E minha loucura não é nada a não ser minha cruz que carrego sempre comigo. Leio os jornais e sinto náusea, dor de cabeça e sono. Doente eu não sou, mas os ponteiros da minha cabeça estão rodando em falso.

Esta é a vida de quem nasce medindo as ações do mundo através das palavras apenas. Ser poeta e escritor não quer dizer nada. Ser sonhador não quer dizer nada. Romântico também não. A vida é mais complexa que nossa realidade e mais simples que nossa imaginação. Cada manhã é um começo e, ao mesmo tempo, uma aproximação do fim. O ser humano está louco e mesmo que eu seja um extraterrestre posso ser humano também.

Eu não vou votar nas próximas eleições. Eu não vou declarar-me pobre ao imposto de renda deste ano. Eu vou torcer pela seleção de Ilhas Canárias na próxima Copa do Mundo de futebol. Camisa-de-força está na moda e camisa de vênus virou preservativo. O amor a gente esquece num quarto de motel. E as músicas do passado estão presentes em nossas lembranças. Eu não sou o Santos Dumont, o Napoleão ou o Van Gogh. Meu nome é ninguém e meu sobrenome é de lugar nenhum.

Os aviões estão caindo do céu para levar para o céu novas pessoas. Os discos-voadores estão vindo do céu para levar para o céu velhos amigos. Eu não sei se o céu me aceitaria com o passaporte vencido. Aquele poema da Carla, escrito para mim, mexeu muito comigo. Quem é Carla mesmo? O que é poema mesmo? Só lembro que ela disse que acredita no meu olhar e isso basta. Engraçado! Eu querendo fazer tanta coisa difícil na minha vida e uma pessoa me diz que acredita no meu olhar e isso basta.

Já aquele pastor que procurei num desses templos messiânicos disse que estou confuso e que talvez procurar uma ajuda psiquiátrica seja uma idéia para se pensar. Eu acho que ele me chamou de louco. Durmo. Acordo. Penso. Durmo. Acordo. Penso. Durmo. Acordo. Penso. O mundo não é mais o mesmo. As pessoas também mudaram. Só eu não mudei. E deixo claro que isso não é mérito algum. Só eu ainda sonho em voar como pássaro. Só eu ainda acredito num pote de ouro no fim do arco-íris.

Enquanto escrevo este texto vejo que já são 12h00 e os enfermeiros se aproximam de mim com meus remédios. Minhas lembranças da mocidade são mais uma vez interrompidas. Meus olhos se enchem de água salgada de novo. Minhas mãos tremem incessantemente mais uma vez. Queria ter um filho. Queria ter meus pais comigo novamente. Queria ainda acreditar em Deus. Um comprimido azul. Um outro verde. Um vermelho e branco. E o último todo branco. Sinto sono novamente e tristeza como sempre. Durmo. Acordo. Penso. Durmo. Acordo. Penso. Durmo. Acordo. Penso.


Nota do Editor: Fábio de Lima é jornalista e escritor ou "contador de histórias", como prefere ser chamado. É Diretor de Programação da CINETVNET, TV pela internet. Está escrevendo seu primeiro romance, DOCE DESESPERO.

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