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Crônicas
24/04/2007 - 07h45
Pedras de cascalho
Chico Guil - Agência Carta Maior
 

A liberdade só existe no ato de libertar-se. Todo dia, em cada gesto, a cada momento, derrube as tuas cercas.

Ainda que meus olhos brilhem nestas tardes de céu azul, e que os perigos antigos tenham desaparecido da minha cabeça, é fato concreto que um dia esta mão escreverá sua última linha. Que espécie de anseios revelará? Que tom de poesia, que freqüência de tremores, que frase estará querendo perpetuar para o dia do meu funeral?

Estados de êxtase são raros e rápidos. A vida é preparação, busca, incerteza, caminho, descoberta. Mas o êxtase... você foi o meu êxtase!

Um sujeito da Austrália descobriu por que os cachorros latem. Especialistas da Universidade de Harvard estão agora tentando entender por que o tal sujeito muge.

O homem precisou inventar o computador para descobrir os fractais que os gatos produzem com um ronronar ou um espirro. A ciência precisou dar passos gigantes para inventar os antiinflamatórios, que dão dor de barriga e não me deixam tomar cerveja, enquanto as ervas daninhas fazem antiinflamatórios sem contra-indicações desde os tempos de Tutancamon.

Você já viu, as rosas morrem, e a vida não ignora. Nascem botões à margem das estradas, onde as pétalas da última estação foram esmagadas. Sinto que quero me abandonar a essas fragrâncias ausentes. Ter e ser as pétalas extintas, obter sua estatura. Mas há algo das rosas que não alcanço. Estavam e estarão, enquanto minha consciência passa num átimo e desapareço com ela. Quando eu era criança, as flores não anunciavam destinos, não eram símbolos de saudades e despedida, mas de permanência. O orvalho, brilhos finos da garoa numa tarde fria de sábado, o bisavô José Lenart passava na estrada sobre o carroção, e a vida estava parada num momento mágico de contemplação.

Quando se acostuma à escuridão, estranhos são os raios de luz. Quando se acostuma à tristeza, terríveis parecem os sorrisos. Quando se acostuma às cinzas, doem nos olhos as cores. Quando se fecha na dor, incômoda é sua ausência. Quando se acostuma à morte, inatingível torna-se a vida.

Dali a poucos dias ela não seria sua, essa casa, nessa esquina antiga. Nem livros, nem filmes, nem músicas, nem lembranças o sustentariam além do tempo que lhe fora dado. A morte possuía uma inteligência acima de todos os nomes, uma força maior que todas as instituições humanas.

Para manter as mãos limpas, um cavalheiro acredita que precisa manter-se distante do bolo que os porcos devoram, e vai trabalhar com obras sociais. O problema é que os porcos crescem, a réstia se expande, e acaba por devorar as boas obras do cavalheiro de mãos limpas.

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