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Opinião
29/04/2007 - 07h08
O "bico" degrada as polícias
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Surgido como "jeitinho" de complementar os baixos salários e com a cumplicidade do estado, que faz vistas grossas a essa atividade ilegal e insalubre, o bico tornou-se o grande fator de degradação das polícias estaduais. Ao defender o orçamento pessoal, o policial é obrigado a lançar-se a uma louca maratona, trocando suas horas de descanso pelo dinheiro resultante de serviços de alto risco, como segurança particular, de lojas, supermercados, bares, boates, entre outras atividades. Quando não morre na jornada extra, esse mesmo policial volta ao trabalho oficial mais cansado do que quando terminou a jornada anterior. Por causa da atividade extra, não se recuperou, caminhando para a exaustão e até problemas psicológicos.

O trabalho policial, pela sua natureza, é estressante. Existem momentos em que o profissional, de arma engatilhada em punho, ou sob mira da arma do bandido, é obrigado a tomar, em fração de segundo, a decisão que pode representar o sacrifício de sua própria vida ou da de terceiros. Se não estiver bem física e mentalmente, dificilmente fará o melhor. As escalas de trabalho foram elaboradas para permitir o descanso, a vida social e a volta íntegra para o cumprimento de nova jornada.

Temos alertado periodicamente que os governos estaduais, enquanto maus empregadores, estão destruindo suas polícias. Em razão do salário insuficiente, toleram o bico, uma atividade proibida nas corporações mas hoje arraigado dentro de quartéis, delegacias e repartições de segurança, muitos deles funcionando como escritório dos biqueiros.

Governadores e parlamentares, devem à sociedade uma solução para essa grave distorção que enfraquece o aparelho policial. Precisam oferecer salários compatíveis com as atividades e, através disso, recuperar a moral para acabar com o bico. Não adianta simplesmente coibir a prática pois isso serviria para só piorar o quadro de penúria em que vive a classe, já que a maioria dos policiais, se não tiverem a atividade externa, passará fome, não educará os filhos e terá de morar (ou continuar morando) na favela.

Na iniciativa privada, todo empregador, para ver prosperar seu negócio, faz o máximo pelo bem-estar de seus colaboradores, oferecendo benefícios. Isso não acontece no Estado, especialmente na relação com os policiais. A arrogância e as fórmulas mágicas adotadas por governantes insensíveis, arrastaram a classe para a ilegalidade, a falta de saúde e a queda na eficiência. Em vez de valorizar o empregado, os governos estaduais os têm deixado cada dia mais defasados em seus salários, praticado a omissão em seus benefícios e, em alguns Estados, particularmente em São Paulo, são até os explorados em suas necessidades. Bancos oficiais oferecem empréstimos a juros extorsivos, mais altos do que os praticados pelo mercado.

Com essas distorções, o Estado-empregador está entregando à Sociedade, para cuidar de sua segurança, verdadeiros "homens-bomba" que, pela fadiga, a qualquer instante podem explodir. É do interesse do cidadão e, principalmente das lideranças comunitárias, exigir que os governantes busquem o equilíbrio do setor antes que se instale a degradação generalizada.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

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