O portador da Cruz estará no Brasil neste 9 de maio. O Papa virá em nome da Cruz de Cristo trazendo uma mensagem que nunca antes foi tão esperada, tão ansiosamente aguardada não só pelos católicos mas por toda a comunidade cristã sadia. Nunca também um Papa teve tanta responsabilidade por seus discursos e atos. Nunca a Igreja esteve tão ameaçada como nestes tempos de globalização. Dele se espera uma posição firme em defesa de sua própria Igreja. A propósito de sua visita, o Instituto Datafolha antecipa que a legião dos fiéis católicos brasileiros minguou 10%, e que apenas 9% dos católicos admitem que suas vidas foram influenciadas pela religião católica. Em vista desses números ruins para a missão do Papa e para a missão evangelizadora da Igreja, é de se perguntar a ele, Bento XVI, porque ocorre isso. Dependendo de sua resposta, se ela houver - o que não seria de se estranhar dado o descolamento de Sua Santidade do mundo real brasileiro para além dos institutos de pesquisa, seus jornais, seus governantes -, a Igreja terá vencido ou não seu maior inimigo: o comunismo de sempre. Armando Valladares, desde seu exílio nos Estados Unidos, teme que o Papa seja enganado e permaneça surdo aos apelos desesperados não apenas de cubanos encarcerados, mas de todo o povo latino-americano que espera ouvir da boca do Cardeal Ratzinger um sonoro e corajoso não às pretensões hegemônicas do comunismo. De fato, a Igreja está numa encruzilhada: ou bem opera em favor de si mesma negando a Besta comunista, exaurindo-a de sua fonte de poder - o rebanho -, ou a ela se rende de vez, confirmando o Pacto de Metz e a Ação Social da Igreja do longínquo Leão XIII e sua Rerum Novarum. Sempre achei que ali, no final do século XIX, a Igreja cavava um fosso ou uma vala comunicante com o ideário comunista da época e sua demanda de justiça social, melhores condições de trabalho, mais humanitarismo nas relações do capital e do trabalho etc. Ao aderir ao discurso socialista, ainda que para bem delimitá-lo em seu próprio e reduzido campo, à época, se valendo então da diferenciação essencial que separa a Igreja Católica e o comunismo, mesmo assim a Igreja absorveu o discurso e a prática que veio, quase um século depois, a contaminar de morte o Concílio Vaticano II e seu iníquo Pacto de Metz. Então Inês era morta... duas vezes morta. O próprio Papa João Paulo II, apesar da sua luta contra o totalitarismo nazista e soviético, veio nos seus últimos anos de vida a condescender com os comunistas que a partir daí não encontraram mais freios e contrapesos à sua altura e à sua ação revolucionária. Aqui na América Latina os exemplos foram e são mais gritantes. O trabalho evangélico da Igreja desmoronou nas mãos de socialistas infiltrados no seu seio - veja-se o caso escandaloso das Católicas pelo Direito de Decidir, uma ONG abortista instalada no próprio edifício físico da CNBB, a indicar o grau de comprometimento e de infecção da CNBB. A ação dissimulada, cheia de bons propósitos, de lobo em pele de cordeiro, ora sob o disfarce da social-democracia, ora em nome do próprio Demo vermelho, confundiu e enganou João Paulo II, doente demais, inocente demais para perceber a existência do maligno. Seu escudeiro, à sua sombra, obrava limitadamente, politicamente, corretamente para os cânones da política internacional. O resultado foi o crescimento do Mal encarnado; abriu-se um abismo quase intransponível de conhecimento das causas do fracasso evangélico e uma inércia quase invencível para uma reação reparadora. Eis a imensa tarefa desse Papa: decidir-se pela expulsão ou excomunhão dos comunistas do seio da Igreja, denunciando-os à sociedade sem voz e vez, defendendo-a das agendas do aborto, do homossexualismo, da vida fútil e preguiçosa, e de todas as formas do relativismo moral. Além disso, outra tarefa se impõe: recolher seu rebanho de volta; um rebanho perdido, confuso, sob o jugo de outro senhor, o maligno comunismo sedutor, pagador de contas e profeta de mundos melhores aqui na Terra mesmo. Por tudo isso, considero essa visita papal como fundamental para a sobrevivência da Igreja como um todo. Dependendo da ação do Papa, saberemos a que veio Ratzinger e para que serve a Igreja do século XXI. Chega de concordatas. É o que pedimos, porque nem o Papa pode perdoar o comunismo - pois que este ataca a sociedade. Não há aqui que se confundir o perdão pessoal da mão assassina que atenta contra uma vida, ainda que santa de generosidade e amor. Bento XVI tem a Cruz para orientá-lo. Que não se perca do resto do rebanho abençoando Lula e sua quadrilha fingida. Não aceitaremos um novo pacto: a permissão do comunismo em troca de um Santo.
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