Militante gay de verdade sabe muito bem em quem bater e em quem não bater. Por causa das inofensivas e tolas câmeras escondidas do programa do João Kleber (que supostamente seriam ofensivas aos homossexuais), a comunidade e os simpatizantes promoveram uma mobilização em esfera jurídica sem precedentes, fazendo não só com que o programa fosse retirado do ar como também substituído por um mês de propaganda ideológica de ONGs e entidades de extrema esquerda ligadas, também, a partidos políticos de esquerda. Não bastasse o mecanismo de censura colocado em prática, o programa foi retirado definitivamente do ar e seu apresentador “exilado” em Portugal. Mas a aparente combatividade do movimento gay costuma mostrar suas garras somente contra um adversário despreparado e desprotegido no embate. Para a intelectualidade típica de esquerda que pauta qualquer debate sobre televisão no Brasil, João Kleber representa uma espécie de “escória cultural” que deve ser tratada aos pontapés e, logicamente, impedida de existir. Em seu raciocínio, programas ruins só podem ser produzidos e veiculados por “integrantes do movimento”. Entretanto, tem faltado coragem a essa mesma militância quando a suposta “ofensa à categoria” parte de outra fonte: um político ligado ao governo de esquerda, por exemplo. O exemplo mais conhecido é o vídeo onde o presidente Lula zomba de Pelotas, classificando a cidade de “pólo exportador de veados”. E agora foi a vez do sindicalista governista Paulinho da Força, que afirmou no Dia do Trabalho que até há pouco tempo “ambientalismo era coisa de veado”. Diante desses ataques, a militância gay tem permanecido, na melhor das hipóteses, indiferente, e de forma geral calada. O que a sociedade pode esperar como contrapartida à virulência da militância gay é o mínimo de coerência em suas campanhas contra o preconceito. Do jeito que as coisas vão, não tardará o dia em que militantes do MST ou qualquer outra horda de fanáticos de esquerda partirá para cima de transformistas nas esquinas de nossas grandes cidades, munidos de foices e facões, terminando depois por serem homenageados no Dia do Orgulho Gay.
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