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Opinião
18/05/2007 - 13h03
Policiais militares e governo em rota de colisão
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Com os maridos legalmente impedidos de fazer greve, as mulheres dos policiais militares paulistas já anunciaram ao governo do Estado - durante a reunião desta quarta-feira (16/05) com os secretários da Segurança Pública e da Administração - que, se não atendidas as reivindicações, vão amarrar seus próprios corpos aos de seus filhos e se prenderão às portas dos quartéis para impedir a saída das viaturas. A medida extrema, segundo disseram, é o meio de chamar a atenção da sociedade brasileira para o descaso do governo de São Paulo, que se comporta como um "gigante de gelo", diante da situação de penúria vivida pela classe, cujos salários vêm achatando-se desde 1995. Com esse impasse, denunciarão que muitos PMs são obrigados a morar na favela, não conseguem dar saúde, educação e lazer à família e muito menos possuir um veículo que lhes garanta um pouco de conforto e segurança. Ainda deixarão claro que seus maridos vivem extenuados, não têm vida familiar e não acompanham a educação e o crescimento dos filhos porque são obrigados a fazer "bico" em complemento ao salário insuficiente da polícia.

O que mais desaponta os representantes dos diferentes segmentos da classe é a impassividade do governo, que age sem nenhum sentido de humanidade ou consideração. Passados cinco meses da posse do governador José Serra (PSDB), que sucede a três outros governos do seu próprio partido, não existem os menores sinais de atendimento às reivindicações. Mesmo sabendo que o mês de março é a data-base, dois meses depois do prazo, durante a reunião, os senhores secretários limitaram-se a informar friamente que a questão está em estudo.

Desmotivado o policial já se encontra há anos, e o quadro só tem piorado diante das medidas excludentes, a última delas o AOL (Adicional Operacional de Localidade), que retalha a corporação, dando gratificação temporária a uns e deixando outros a descoberto. Se a manifestação das mulheres realmente vier a acontecer, além de desmotivado, esse profissional de segurança pública também estará dividido, pois continuará com sua obrigação de trabalhar, mas para fazê-lo terá que passar sobre a barricada armada pela sua própria família.

Até agora São Paulo não experimentou greves em suas polícias, especialmente na Polícia Militar. Em outros Estados esses movimentos têm sido rotineiros e, em alguns, chegaram a produzir baixas tanto na própria corporação policial quanto na população privada dos serviços de segurança. Alguns culpam o legalismo dos paulistas como motivo dos governos terem negligenciado sistematicamente na correção dos salários e lançado o policial à situação econômico-financeira lastimável em que hoje se encontra. Agora parece-nos ter chegado perigosamente ao limite. O governador e aqueles que o assessoram nesse setor precisam romper a camada de gelo que os isola da realidade e responder concretamente.

Maior economia do país, São Paulo é um dos Estados que pior pagam seus policiais. Os governantes devem estar atentos primeiro para a obrigação que o governo têm de, na condição de empregador, repor aos salários pelo menos as perdas inflacionárias. Também não devem se esquecer que, apesar de todos os problemas, as polícias continuam trabalhando, mas, se forem levadas a cruzar os braços, o caos estará instalado e ninguém, em sã consciência, seria capaz de prever as conseqüências.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e presidente da APOMI (Associação dos Policiais Militares do Estado de São Paulo).

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