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Opinião
21/05/2007 - 14h40
Mulheres do Brasil
Luís Carlos Lopes - Agência Carta Maior
 

O noticiário político do Brasil não cansa de surpreender. Por vezes, o país parece ser estranho e de difícil compreensão. Em outras situações, tudo fica muito claro, queimando a retina de quem vê e estourando os tímpanos de quem ouve. Barbaridades não faltam. Principalmente, quando a política é misturada às personas midiáticas que são eleitas por efeito do poder de sedução que conquistaram através de seus trabalhos, escândalos e funesta capacidade de vestir máscaras das mais diversas características.

Parece que foi ontem a eleição do rinoceronte cacareco de São Paulo e a do macaco do zoológico do Rio. Não poucos se transformam em vereadores, deputados, senadores, governadores, ministros etc., depois de uma longa exposição nas mídias. Chegam a estes cargos por serem populares e terem subido a uma espécie de altar contemporâneo. São semideuses, divindades profanas que setores do público ou do poder estabelecido acreditam como seus representantes. Afinal, os deuses sempre foram construídos a partir da auto-imagem dos que neles acreditam.

Não raro, eles falam pouco, aproveitam as oportunidades e ficam esperando o tempo passar. Alguns não se contentam e soltam o verbo, sem temer as conseqüências, mesmo que depois peçam, candidamente, desculpas negando tudo o que falaram. Quase sempre, não são muito inteligentes e acreditam em coisas assombrosas, considerando suas idades e experiências de vida. Os que os ajudaram a chegar lá ficam pasmos. Afinal, não era isto que se queria. Semideuses são imagens, máscaras, não foram feitos para dar opinião. Já se sabe de tudo o que pensam, não precisam dizer mais nada. Não adianta! Eles acham que podem tudo. Não lhe disseram que podiam! Agora, agüentem.

A tomada da palavra é algo mais sério do que se pode imaginar. Ter direito à livre opinião não significa que se pode falar qualquer coisa que venha à cabeça. Liberdade de opinar não é a mesma coisa que ofender um gênero inteiro, dizer, por exemplo, que todos que partilham da mesma opção sexual pensam ou agem de igual modo. Falar do conjunto das pessoas de um sexo, a partir de exemplos de grupos ou de indivíduos isolados, é cantar a música dos preconceitos. Falar meias-verdades é típico de pessoas de índole fascista. Trata-se daqueles que tergiversam sobre graves problemas através de um processo de simplificação, visando impedir uma franca e profunda discussão sobre o problema mencionado.

As meninas do Brasil são, em sua maioria, trabalhadoras ou desempregadas. Enfrentam a dupla ou, por vezes, a tripla jornada, em um país onde muitos homens ainda não compartilham dos afazeres domésticos. É verdade, existem milhares de prostitutas brasileiras, ao ponto delas serem um dos produtos mais sinistros de nossa pauta de exportação. São vítimas do tráfico de mulheres, uma reminiscência do antigo tráfico de escravos. Mas, a maioria de nossas meninas não chega a exercer esta função social. Porque algumas vão neste caminho? Todas as pesquisas mostram que as prostitutas são, na origem, desempregadas ou subempregadas, não têm profissão, nenhuma ou pouca formação escolar e provêm de núcleos familiares complicados. Existem também as de luxo, as que lutam desesperadamente pela ascensão social rápida e sem trabalho. Mas estas são minoria, sendo um subproduto da sociedade de consumo em que vivemos.

As mulheres brasileiras merecem respeito. Elas estão em toda parte. São, hoje, a maioria em várias profissões e locais de trabalho. É muito comum serem chefes de família, nos desvãos dos nossos problemas econômicos. Não estão à venda e merecem ser tratadas com maior dignidade. É difícil assistir o seu enxovalhamento sem dar respostas exemplares. Não se pode confundir a atitude de alguém que aceita qualquer coisa por dinheiro, inclusive cargos eletivos, com a legião imensa de mulheres e homens que suam por cada vintém recebido. Seria melhor que a palavra fosse tomada para elogiar e defender as mulheres do Brasil.


Nota do Editor: Luís Carlos Lopes é professor do Instituto de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminese (UFF).

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